A vida urbana, por sua relevância para a sustentabilidade do planeta, é alvo dos ambiciosos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organizações das Nações Unidas (ONU), participando também da Agenda 2030 brasileira. Nesse trabalho, propomos refletir acerca desse intento, uma vez que vivenciamos um cenário de racismo estrutural e sistêmico. Olhamos para a mulher negra, pois sua condição envolve três variáveis que agem em interseção definindo sua existência: o gênero, a raça e a classe social; nos ocupamos de uma prática: a vivência capilar nos espaços cotidianos, por sua importância para a constituição identitária. Nos questionamos: Como as vivências urbanas da mulher negra com o seu cabelo sinalizam dificuldades para o cumprimento dos ODS da Agenda 2030 brasileira? Apoiados na pesquisa qualitativa, nosso corpus formado por 60 documentos coletados em redes sociais e por entrevistas em grupo focal com 4 mulheres negras. Baseados em uma análise de discurso, procedemos as três principais etapas da análise qualitativa: a) o agrupamento em categorias; b) análise das funções dos atos de fala; c) a triangulação e chegada às linhas de significação. Nossos resultados indicaram que os espaços urbanos evidenciam uma face ameaçadora e que espaços compartilhados se prestam para a construção da representatividade. Concluímos que para reduzir a desigualdade, empoderando e promovendo a inclusão social, econômica e política de todos, políticas públicas devem se ocupar, especificamente, do racismo.