“…O DBA teve a pretensão de estabelecer novos parâmetros para o equacionamento de um problema que parece ser uma "aporia urbana", pois em algumas ações, ao mesmo tempo em que buscam o "fim da Cracolândia", a trama institucional armada também se alimenta da sua existência e necessita da "contenção da população usuária de crack em um mesmo local para viabilizar o seu trabalho" 8 (p. 21-2).Desde a entrada do crack no centro de São Paulo e sua instalação na região que, a partir dos anos de 1990, passou a ser chamada de Cracolândia, diversas ações, muitas das quais envolvendo repressão policial, não colocaram fim à área de consumo da droga 8 . Ao contrário, antes conhecida como uma zona de venda da droga, a Cracolândia acabou se convertendo num espaço de consumo intensivo 9,10 , que chegou a ter, antes do DBA, um "fluxo" de três mil frequentadores diários.A partir de então, esse agrupamento urbano foi objeto de pesquisas etnográficas que destacaram, desde as relações entre o Estado, o legal e o ilegal 10,11,12 , passando pelas relações entre saúde e ambiente 13 , pela territorialidade e suas conexões com a cidade 10,14,15 e as estratégias de autocontrole e autocuidado 11,16 , até as práticas de lazer e resistência 17,18 . Não obstante, as análises sobre o DBA ainda são escassas 7,8 , em especial, uma história mais pormenorizada do Programa.…”