Resumo A literatura recente aponta os efeitos benéficos da religiosidade sobre o enfrentamento de estressores associados ao mercado de trabalho, servindo como um canal de apoio social e psicológico. Contudo, pouco se sabe a respeito de como e até que ponto as crenças e as práticas religiosas influenciam os valores, opiniões, percepções e atitudes sociais do segmento juvenil. Diante disto, este artigo tem como objetivo compreender a importância da intensidade da prática religiosa sobre a motivação de busca por trabalho de jovens brasileiros, usando dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013. Para tanto, adotou-se uma estratégia empírica baseada no modelo de regressão estendida (ERM), mais especificamente o probit com tratamento endógeno ordinal. Em grosso modo, as estimativas apontam que a religião melhora o incentivo de sair da total inatividade e procurar um engajamento ocupacional, mesmo em jovens que estão parcialmente dedicados aos estudos. Os resultados apontam um efeito crescente da intensidade religiosa na busca por emprego vis-à-vis a inatividade. Estima-se um efeito de tratamento médio de engajamento no mercado de trabalho de 28,7 pontos percentuais (p.p.) para jovens com frequência moderada e 61,3 p.p. para aqueles com alta participação nas atividades religiosas. Os resultados favorecem a hipótese que a frequência em práticas religiosas pode não apenas ser alívio de condições adversas, mas também um canal de estímulo na procura por emprego por parte dos jovens.