ResumoContexto: Nos últimos vinte anos, estudos sistematizados têm identificado uma relação positiva entre espiritualidade/religiosidade (R/E) e saúde, notadamente saúde mental. Entretanto, são escassas as informações sobre R/E e transtorno bipolar do humor (TBH). Este artigo objetiva revisar as evidências disponíveis sobre estas relações. Métodos: Foram cruzadas as palavras "bipolar", "mania" e "manic" com as palavras "religio*" e "spiritu*" nas bases de dados PubMed e PsychINFO em novembro de 2008. Foram encontrados 122 artigos publicados entre os anos de 1957 e 2008. Resultado: Os estudos apontam que pacientes bipolares tendem a apresentar maior envolvimento religioso/espiritual, maior frequência de relatos de conversão e experiências de salvação e uso mais frequente de coping religioso e espiritual (CRE) que pessoas com outros transtornos mentais. Indicam ainda, uma relação frequente e significativa entre sintomas maníacos e experiências místicas. Os estudos mais relevantes encontrados na literatura foram agrupados nesta revisão em cinco tópicos: delírios místicos, religiosidade e espiritualidade, coping religioso-espiritual, recursos comunitários e comunidades tradicionais. Conclusão: O TBH e a R/E possuem intensa e complexa inter-relação. Estudos sobre práticas religiosas saudáveis, espiritualidade e recursos de coping merecem ser ampliados, bem como sua relação com o cumprimento do tratamento e as recorrências da doença, as intervenções psicoterápicas e a psicoeducação de base espiritual.
AbstractBackground: Over the past twenty years, systematic studies have identified a positive relationship between spirituality/ religiosity (S/R) and health, especially mental health. Although there is only scant information about S/R and BipolarDisorder. Methods: The words "bipolar", "mania" and "manic" were crossed with the words "religio*" and "spiritu*" in the databases PubMed and PsychINFO in November 2008. It was found 122 articles published between 1957 and 2008. Results: The studies indicate that bipolar patients have a greater religious/spiritual concern and involvement, more reports of conversion, experiences of salvation and a more frequent use of spiritual/religious coping, than people with other mental disorders. It also indicates a frequent and significant relationship between manic symptoms and mystical experiences, and changes in the intensity of faith after the onset of the disorder. The most relevant studies in the literature were distributed by subjects: mystical delusions, religiosity and spirituality, spiritual-religious coping, community resources and traditional communities. Conclusion: The number of studies about healthy religious practices, spirituality, and coping among bipolar patients should be expanded, as soon as its relation to accession, compliance with treatment and recurrences of the disease. Greater attention should be given to investigate the relationships between religiosity, religious coping, psychotherapeutic interventions, and based-spiritual psychoeducation.