As intervenções cirúrgicas não obstétricas em gestantes apesar de terem baixa incidência, acontecem, e necessitam de maiores estudos quanto ao manejo anestesiológico, devido a gestação ser um período marcado por alterações fisiológicas, hormonais e anatômicas para as mães, e de grande diferenciação celular e crescimento para os embriões e/ou fetos, o que a exposição destes a fármacos pode ser um fator de risco ao desenvolvimento. O objetivo deste estudo é analisar as implicações do manejo anestésico em cirurgias não obstétricas durante a gestação. Este trabalho é uma revisão sistemática da literatura, realizada através de artigos publicados na língua inglesa, entre 2017 e 2022, publicados nas bases de dados PUBMED e BVS, tendo por descritores: gravidez, anestesia, anormalidades congênitas. Constatou-se que: as anestesias neuroaxiais são mais indicadas no primeiro trimestre, devido a menor toxicidade; baixo peso fetal associado a anestesia geral; maioria das cirurgias são abdominais e ocorreram no segundo trimestre sob anestesia geral; maior prevalência de partos prematuros em gestantes que realizaram cirurgia no terceiro trimestre; necessidade de planejamento cirúrgico, manejo anestésico e monitorização fetal de acordo com as particularidades fisiológicas de cada gestante; e neurotoxicidade cerebral comprovada em testes animais. O planejamento anestesiológico é indispensável para minimizar os riscos da exposição fetal a toxicidade e a teratógenos, todavia é válido evidenciar que os anestésicos desde que aplicados nas dosagens padrão não apresentam riscos graves ao desenvolvimento do feto, porém além do cuidado multidisciplinar, é imprescindível que novos estudos sejam realizados para avaliar a neurotoxicidade cerebral desses fármacos nos fetos.