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A escolha racional e suas convergências sociológicas nas ciências econômicas e políticasLuiz Christiano 1
IntroduçãoO presente artigo busca estabelecer as conexões teóricas entre parte da história do pensamento econômico e sua influência na teoria do comportamento político. A análise aqui posta parte do conceito de ação econômica em Weber e vai até os passos que culminaram com a Nova Sociologia Econômica. Como pano de fundo, aparecem as mudanças na teoria da escolha racional utilizada por estudiosos do comportamento político e as convergências a modelos analíticos que levem em conta fatores não apenas econômicos (mas sociais, psicológicos, institucionais, históricos, etc.).As páginas a seguir iniciam pela exposição das linhas gerais da escola econômica (ou da escolha racional) no pensamento político. Depois, são identificadas algumas das mudanças no pensamento econômico ao longo do último século. Por fim, é feita a análise entre as similitudes nos caminhos da ciência econômica e da ciência política, com a entronização da incerteza, da contingência 2 e de fatores psicológicos, históricos e sociais à teoria da escolha racional.
A escolha racional e a ciência políticaNo campo da Ciência Política, três são as principais escolas de análise do comportamento político, segundo Figueiredo (1991), Castro (1992), Singer (2002) e Carreirão (2002: sociológica, psicológica e econômica (ou da escolha racional). Em boa parte da literatura, é presente ainda a aproximação das duas primeiras correntes, formando a linha psicossociológica.1 Mestrando em Sociologia Política, PPGSP/UFSC. E-mail: luizchristiano@hotmail.com 2 Quando faço referência à contingência e à incerteza, neste trabalho, refiro-me às consequências impremeditadas da ação; ou, como os indivíduos podem agir de forma diferente da que agiram, descaracterizando a previsibilidade completa das ações (Giddens, 2003).v. 7 -n. 1 /2 -janeiro-dezembro/2010 -ISSN: 1806-5023 2 Em uma trajetória histórica, pode-se entender que os primeiros estudos, nos anos 1960, foram dominados pelas correntes sociológica e psicológica: "A primeira explicava o resultado de pleitos eleitorais em termos de alinhamentos de classe social, blocos religiosos, razões étnicas e de gênero" (Baquero, 1997, p. 123).O problema é que mudanças de curto prazo não eram contempladas sob esse meio de análise.A escola sociológica do comportamento eleitoral se baseia no holismo metodológico e na influência histórica, "portanto, não são indivíduos e sim coletivos sociais que imprimem dinâmica à política" (idem p. 43). Destarte, a participação política seria fruto das interações sociais em determinado contexto.Já a escola psicológica é oriunda dos estudos liderados por Angus Campbell, 17).
Caminhos de convergência racional e psicossociológica no comportamento políticoAo não considerar relevantes as contingências e as incertezas das decisões, a teoria downsiana pode ser contestada por ...