A partir do livro mais atual de Habermas, o artigo busca compreender como o processo comunicacional de justificação recíproca pode alimentar uma comunicação pública capaz de articular a formação do sujeito político autônomo ao processo cooperativo de busca pela definição do interesse público. Habermas nos convida a não deixar de lado nossas experiências e o processo de florescimento de nossa autocompreensão, mas a articular a experiência singular com a busca pelo ponto de vista moral necessário à justificação recíproca. Diante da devastação das vidas e das sociedades governadas pelo neoliberalismo, diante do aumento dos ódios, do repúdio às diferenças, dos preconceitos de gênero, classe e raça e da valorização de políticas individualistas e meritocráticas, pensar o papel das esferas públicas como processo central às democracias deliberativas requer uma comunicação pública amparada pela reflexividade uma rede de esferas públicas que permite a todos os participantes a chance de reconsiderar e redefinir constantemente seu horizonte partilhado de experimentação e agência coletiva.