RESUMO: Pacientes com megacólon adquirido sofrem dupla disfunção: a)discinesia e dilatação do cólon, levando-o à inércia e b) a falha na inervação e sensibilidade retal, abolição do reflexo inibitório reto-anal e acalasia. Há vários métodos para quantificar a disfunção da defecação, e os resultados permitem avaliar o grau do distúrbio. Do ponto de vista da fisiologia anal, os métodos existentes são avaliação de sensibilidade por distensão por balão, pesquisa do reflexo reto-anal e proctografia quantitativa. O objetivo foi comparar estes métodos em 29 pacientes com megacólon avançado. Foram examinadas a sensibilidade retal, o reflexo inibitório reto-anal e feitas proctografias. Resultou que o reflexo inibitório reto-anal estava ausente em 79%, e a sensibilidade retal estava prejudicada em todas as medidas. Contudo, não houve correlação entre as alterações da sensibilidade e a presença ou ausência do reflexo. A sensibilidade foi comparada à medida do esvaziamento retal à proctografia. Também aqui o teste de correlação entre a perda de sensibilidade e porcentual de esvaziamento retal não mostrou significância estatística (p=0,382). Concluímos que, embora a quantificação da defecação seja melhor expressada pela proctografia, os exames de fisiologia nestes casos não são correlatos.Descritores: Sensibilidade retal, reflexo inibitório, defecografia, megacolon.
INTRODUÇÃOAs lesões descritas no intestino grosso dos portadores de megacólon são as mesmas que as do esôfago e outros órgão afetados. A alteração fundamental, da qual derivam as demais, é a destruição do sistema nervoso autônomo. A intensidade das lesões dos gânglios e dos plexos de Auerbach e Meissner variam não só de caso a caso, como também em um mesmo doente. É comum a preservação de um gânglio e a destruição de outro, ou então, no mesmo gânglio o encontro de neurônios aparentemente íntegros com outros profundamente lesados 1 . Há lesões em outros órgãos e em todo o tubo digestivo , mas as do sistema nervoso autônomo são mais intensas no esôfago onde a dilatação é mais comum, e no cólon. Nestes órgãos a maior intensidade das lesões nervosas é observada nas porções mais dilatadas, ocasionando estase e discinesia. A estase, por outro lado, poderia secundariamente contribuir para maior lesão nervosa, por inflamação secundária. Haveria então lesão adicional do plexo de Meissner e a seguir do plexo de Auerbach, fibrose, hipertrofia e alterações regressivas das fibras musculares, e ainda outro ciclo de lesões nervosas 1 . As alterações descritas são observadas em especial no reto, onde a dilatação, hipertrofia da parede e danos das