“…Podemos, por exemplo, ver práticas semelhantes no projeto "Growing up in the cities", desenvolvido em meados de 1970 e revisitado nos anos noventa, com apoio da UNESCO e que visava envolver crianças e jovens em iniciativas de investigação-ação que documentassem, explorassem e transformassem as suas vidas e territórios. (Lynch & Banerjee, 1977;Chawla, 1997;Driskell, 2002) A utilização deste método em pesquisas participativas com crianças tem várias vantagens: a) é altamente motivador porque permite que estas saiam da rotina e dos espaços institucionais -como a escola ou o ATL -para atividades no exterior que, por norma, apreciam bastante; b) possibilita sair do universo da memória e da abstração, gerando debates que se situam mais no domínio do palpável e do sensível, aspeto particularmente importante nesta faixa etária; c) garante relações de poder mais equilibradas (Camponovo, 2021) e uma maior agência por parte das crianças, pois são estas que conduzem o entrevistado/a, tanto relativamente aos percursos como aos temas abordados; d) provoca uma análise e reflexão mais abrangentes, não limitadas à palavra, mas onde entram em jogo o corpo, as sensações ou as emoções.…”