A hipertensão arterial sistêmica é fator de risco para outras doenças cardiovasculares, sendo caracterizada pela persistência de pressão arterial elevada nas artérias sistêmicas. Outros tipos importantes de hipertensão também existem, incluindo hipertensão do sistema porta hepático, renovascular e pulmonar. A hipertensão arterial pulmonar (HAP), por exemplo, afeta principalmente a vasculatura do pulmão e promove vasoconstrição e remodelamento tecidual, impactando negativamente a função cardíaca devido a hipertrofia do ventrículo direito. Além dos danos conhecidos ao coração e pulmões decorrentes dos vários tipos de hipertensão, sabe- se que disfunções e danos teciduais em órgãos reprodutivos com comprometimento da atividade de enzimas antioxidantes e qualidade seminal são descritos em pacientes hipertensos. Neste contexto, o presente estudo objetivou aprofundar o conhecimento sobre distúrbios causados pela hipertensão arterial sistêmica e HAP nas funções dos órgãos reprodutivos, testículos e epidídimos. Para isso, primeiro realizou-se uma revisão sistemática que reuniu evidências experimentais da relação entre hipertensão arterial sistêmica e aparelho reprodutor masculino. O objetivo foi mostrar efeitos dessa doença sobre testículos, com foco nas alterações histológicas, hormonais e na atividade de enzimas antioxidantes e marcadores de estresse oxidativo em modelos murinos. De fato, hipertensão arterial compromete funções testiculares, tanto por distúrbios na produção hormonal quanto na produção de espermatozoides. O estresse oxidativo tem papel relevante na fisiologia testicular e espermática e parece ser um potente causador destes distúrbios. Posteriormente, conduziu-se um estudo experimental avaliando efeitos da HAP induzida com monocrotalina (60 mg kg -1 ) sobre parâmetros testiculares e epididimários em ratos. Adicionalmente, verificou-se efeitos do treinamento físico combinado (TFC) sobre alterações causadas pela HAP nestes órgãos, uma vez que o TFC é indicado como uma possível estratégia terapêutica para HAP. Ratos Wistar machos adultos foram divididos em três grupos experimentais, a saber: controle sedentário; hipertenso sedentário e hipertenso exercício (n= 8/grupo; CEUA no 02/2021). Testículos e epidídimos foram dissecados e analisados quanto a características histológicas, histomorfométricas, atividade de enzimas antioxidantes e metabólitos oriundos do estresse oxidativo e avaliações espermáticas. Os dados foram submetidos ao teste t de Student e diferenças consideradas significativas quando p < 0,05. Os resultados mostraram que animais sedentários com HAP tiveram redução do peso corporal e epididimário, da concentração sérica de testosterona e da contagem de túbulos seminíferos normais e alterações morfométricas testiculares. Além disso, observou-se desorganização na arquitetura dos túbulos seminíferos, comprometendo a produção espermática diária. Quando comparado com os efeitos da HAP, o TFC foi capaz de aumentar o percentual de túbulos seminíferos normais, alterar parâmetros morfométricos testiculares e aumentar a produção diária espermática. Pode-se concluir que a HAP causa efeitos negativos na organização e função testicular e compromete a produção de espermatozoides. O TFC foi uma estratégia eficaz para alguns parâmetros testiculares afetados pela HAP. Os resultados destes estudos auxiliam a entender potenciais efeitos da hipertensão em órgãos do sistema reprodutor masculino, de forma a identificar suas implicações para saúde humana e suas consequências sobre a reprodução masculina. Palavras-chave: Pressão alta. Exercício físico. Testículos. Epidídimos. Espermatozoides.