RESUMO Os defeitos de desenvolvimento de esmalte são alterações resultantes de distúrbios no processo da amelogênese, podendo envolver fatores genéticos, sistêmicos, locais ou ambientais. Os fatores que desencadeiam os defeitos de desenvolvimento de esmalte estão relacionados principalmente a injúrias durante o desenvolvimento da estrutura dental. Na dentição decídua, traumas e/ou consumo de medicamentos durante a gestação podem estar envolvidos. Na dentição permanente eventos traumáticos ou lesões de cárie nos correspondentes decíduos estão fortemente associados. O objetivo do presente estudo foi apresentar um caso clínico e discutir os possíveis fatores etiológicos relacionados ao diagnóstico dos defeitos de desenvolvimento do esmalte. Paciente do sexo feminino, sete anos de idade, procurou atendimento com queixa de dente não erupcionado. A história familiar não revelou alterações da mesma natureza em parentes próximos. A história médica revelou dificuldade respiratória, quadro de infecção e desenvolvimento deficiente da glândula timo ao nascimento, resultando em entubação orotraqueal logo nos primeiros dias de vida. Os exames imaginológicos revelaram alterações morfológicas nas coroas dos germes dentários 11 e 21, além de agenesia do 35. O exame extraoral revelou retrognatismo mandibular e o exame intraoral revelou alteração na coroa do 11, presença de manchas brancas opacas nos molares decíduos e mordida profunda. Inicialmente a hipótese diagnóstica foi de amelogênese imperfeita hipomaturada. Entretanto, devido às características clínicas e imaginológicas a hipótese foi revista, principalmente em relação aos fatores etiológicos e o diagnóstico foi fechado em defeito de desenvolvimento do esmalte por trauma durante a entubação orotraqueal.