UNITERMOS: Doença pulmonar obstrutiva crônica. Enfisema pulmonar. Cirurgia. Videotoracoscopia.KEY WORDS: Pulmonary obstructive Lung diseases. Pulmonary emphysema. Volume reduction surgery. Thoracoscopy.
O TRATAMENTO CIRÚRGICO DO ENFISEMA PULMONARNos últimos 20 anos, os doentes com enfisema pulmonar foram classificados em dois grupos: os portadores de enfisema localizado e os com enfisema difuso.Doentes com enfisema localizado têm, na cirurgia, uma opção terapêutica bem estabelecida, pela perspectiva de ganho funcional pulmonar imediato, com a ressecção das lesões. Atualmente, são encaminhados à cirurgia os doentes com sintomas clínicos, os que apresentam bolhas maiores do que 30% do volume da cavidade pleural, e aqueles nos quais há tendência de crescimento das lesões, demonstrada em radiografias seriadas. São recomendadas ressecções pulmonares econômicas no seu tratamento. O laser de Neodimium-YAG tem sido utilizado com resultados satisfatórios a curto prazo, mas há uma tendência a perda aérea prolongada e recidiva das lesões após 2 a 3 anos, necessitando reoperação 1 . Por outro lado, doentes com enfisema pulmonar difuso grave encontravam, no tratamento clínico ou, mais recentemente, no transplante pulmonar, as únicas possibilidades de melhorar a sua dispnéia, sua atividade física, retardar a progressão da limitação funcional, corrigir as alterações fisiológicas secundárias e diminuir a morbidade e a mortalidade dessa doença.Desde 1994, entretanto, os doentes com enfisema difuso, que não obtêm melhora com o tratamento clínico, que atingem um estágio de doença muito avançado ou, ainda, que não podem ser incluídos em programas de transplante pulmonar, podem, em casos selecionados, ser submetidos a cirurgia de redução volumétrica pulmonar, com o objetivo de melhorar sua sintomatologia.A procura de uma forma de tratamento cirúrgi-co para o enfisema pulmonar difuso não é uma idéia nova. Durante quase todo o século XX, diferentes técnicas operatórias foram utilizadas: a costocondrectomia 2,3 , a vagotomia 4 , a glomectomia 5 , a toracoplastia com frenicectomia 6 , a pleurectomia com talcagem pleural 7 e a cirurgia de redução de volume pulmonar de Brantigan 8-10 . Brantigan, em 1954, baseado em observações clínicas de que doentes enfisematosos sintomáti-cos apresentavam hiperinsuflação pulmonar com ampliação do diâmetro ântero-posterior e longitudinal da caixa torácica e, também, um rebaixamento e retificação das cúpulas diafragmáticas 8-10 , postulou que essas alterações anatômicas representavam a alternativa encontrada pelo organismo para ampliar a caixa torácica e acomodar o pulmão enfisematoso, de maior tamanho. Brantigan entendia que, se reduzisse o tamanho dos pulmões, seria possível restaurar os princípios fisiológicos comprometidos por essa desproporção entre o tamanho do pulmão (maior) e o tamanho da cavidade torácica (menor). Pulmões com tamanho adequado ao espaço intratorácico permitiriam ao músculo diafragma retornar à sua posição normal e ter sua curvatura restaurada. Desta forma, o diafragma poderia mob...