RESUMO -A utilização de microalgas para a produção de biodiesel pode ser aliada ao tratamento de efluentes doméstico, industrial e agrícola, com acúmulo significativo de lipídeos. Este trabalho teve como objetivo utilizar efluente de tratamento de esgoto doméstico, como fonte de nutrientes no cultivo de Chlorella vulgaris. Foi avaliado a remoção de material particulado suspenso e microrganismos presentes, bem como a diluição do efluente no inóculo. O uso de tratamento para a remoção de microrganismos e material particulado influenciou o crescimento da microalga. Os cultivos diluídos em partes iguais entre inóculo e efluente se diferenciaram na ausência e presença de tratamento com luz ultravioleta e filtração. Sem tratamento foi alcançado 0,42 g.L -1 , enquanto que a filtração elevou a produção para 0,85 g.L -1 e filtração seguida de exposição a luz ultravioleta levou a uma produção de 0,75 g.L -1 . Alcançando teores de lipídeos totais de 12,6, 21,3 e 24,6%, respectivamente.
INTRODUÇÃODurante as ultimas décadas tem-se levantado questionamentos quanto ao real nível das atuais reservas de petróleo. Juntamente as questões que envolvem o volume de petróleo está a oscilação dos seus preços no mercado internacional e, como apontam Campbell e Laherrére (1998), os preços são resultados de reações emocionais e políticas. Um exemplo é o que ocorreu entre os anos de 1973 e 1979, período em que os preços do petróleo dispararam devido ao embargo Árabe. Campbell e Laherrére (1998) ainda apontam para um aumento ilusionista nas reservas, promovido por seus controladores, pois estes na maioria dos casos são governos que comandam as principais empresas petrolíferas, sendo muitas vezes utilizadas como braço politico ou geopolítico. A partir disto, tem-se estudado alternativas para substituir os combustíveis fósseis como principal fonte energética, com preferência para materiais que sejam provenientes de fontes renováveis. Assim, as matérias-primas que tem se destacado inicialmente são plantas oleaginosas, tais como pinhão manso (SALVIATO e ARROYO, 2012), canola, girassol, soja, palma, cambre e algodão para a produção de biodiesel e cana-de-açúcar para produção de etanol. No entanto, a utilização destas oleaginosas é limitada pelo baixo teor de lipídeos em sua biomassa, geralmente abaixo de 5% (CHISTI, 2008). Outro desafio no uso de plantas oleaginosas é a demanda que estas possuem por terras aráveis, nutrientes e recursos hídricos da produção de alimentos (CHISTI, 2007;BHATNAGAR et al., 2011).