Revoluções Brincantes em Áreas Protegidas

Abstract

O campo dos estudos do lazer traduz, em grande parte, uma visão de mundo moderno-ocidentalizado, herdada de uma perspectiva histórica de tradição cartesiana homogeneizante. Sob esta perspectiva, as diferentes dimensões da existência vêm sendo fragmentadas, com o intuito de explicar a realidade, por uma perspectiva simplista e limitada. No entanto, esse movimento tende a silenciar experiências complexas, sobretudo nos territórios do Sul Global. No sentido de contribuir para uma discussão epistemológica descolonial sobre o tema, o objetivo deste artigo é decodificar o significado das práticas de lazer nas narrativas das populações caiçaras, em conexão com o Parque Estadual da Costa do Sol, uma Unidade de Conservação (UC) de Proteção Integral que integra um mosaico diversificado de áreas protegidas, no estado do Rio de Janeiro. Como caminho metodológico, a pesquisa se apoiou em levantamento bibliográfico e, na produção de narrativas caiçaras. A escuta atenta dessas narrativas possibilitou a identificação de 12 eixos interpretativos sobre os significados contra hegemônicos de lazer na UC em questão. Sob a perspectiva local, o significado do lazer está vinculado, principalmente, à luta pela transformação social, a partir da vivência lúdica da cultura no cotidiano comunitário, com base no engajamento para o fortalecimento dos laços sociais e para a conexão com a natureza.