INTRODUÇÃOO mecanismo fisiológico do blefarospasmo (espasmo do orbicular) e da síndrome de Meige (afeta também a face inferior e pescoço) ainda não é conhecido (1) . O blefarospasmo essencial e os espasmos faciais foram muitas vezes confundidos com doenças oculares ou distúrbios psíquicos (2) . Apesar do blefarospasmo não implicar em alterações oculares, algumas doenças dos olhos podem desencadeá-lo (3) e lesões oculares podem preceder o quadro, o que ocorre em cerca de 12,1% dos casos (4) . As alterações psíquicas, como comportamento obsessivo compulsivo (5) e esquizofrenia (6) podem estar presentes em portadores de blefarospasmo essencial.Apesar do blefarospasmo essencial estar presente em indivíduos sem qualquer alteração neurológica, disfunção de gânglios da base (5) ou lesão em núcleos da base, observadas por ressonância nuclear magnética (2) , já foram relatadas.O blefarospasmo pode ser desencadeado por medicamentos, como os neurolépticos (7) e pode haver predisposição genética em 9,5% (4) . É caracterizado por movimentos involuntários das pálpebras, por vezes com dificuldade de abertura palpebral (apraxia).Blefarospasmo essencial e espasmo hemifacial: características dos pacientes, tratamento com toxina botulínica A e revisão da literatura Descritores: Blefaroespasmo/quimioterapia; Espasmo hemifacial/quimioterapia; Toxina botulínica tipo A/uso terapêutico; Potenciais de ação; Músculos oculomotores RESUMO Objetivo: Conhecer as características dos portadores de blefarospasmo essencial e espasmo hemifacial, assim como a resposta ao tratamento utilizando toxina botulínica A. Métodos: Trinta e quatro portadores de blefarospasmo essencial ou espasmo hemifacial foram avaliados quanto a idade, sexo, queixas oculares, tempo de existência da doença, tipo de comprometimento, complicações e resultado do tratamento com toxina botulínica A. Resultados: A mediana da idade dos pacientes foi de 63 anos e a média, de 61 anos, sem diferença quanto ao sexo; 66,66% possuíam espasmo hemifacial e 33,33%, blefarospasmo essencial. Vários pacientes apresentavam também olho seco. A melhora com a utilização da toxina botulínica A ocorreu em 91,30% dos pacientes tratados. As complicações com o tratamento foram ptose palpebral (8,33%) e desvio da rima bucal (8,33%). Conclusão: O blefarospasmo essencial e o espasmo hemifacial geralmente acometem idosos, de ambos os sexos. O tratamento com a toxina botulínica A é eficiente, com índice muito baixo de complicações.