Riscos ambientais e segurança do coletor no extrativismo do fruto de açaízeiro na Amazônia Oriental

Abstract

O extrativismo de produtos florestais não madeireiros na Amazônia é uma atividade que expõe o trabalhador a riscos ambientais que podem afetar sua saúde e sua segurança no trabalho. O objetivo deste estudo foi identificar os riscos ambientais e os impactos psicofisiológicos e físicos da coleta do fruto do açaizeiro no trabalhador da Amazônia Oriental. O Estudo foi realizado pela aplicação de questionários semiabertos e entrevistas estruturadas baseadas a partir de protocolos do software Ergolândia versão 6.0 a 33 coletores na Ilha do Combú, Belém/PA. Os riscos físicos identificados foram: radiação ultravioleta (12 h de sol), umidade relativa média anual de 71,9% e calor com IBUTG de 24,4ºC. O medo da queda do açaizeiro, animais peçonhentos, altura e o alto esforço físico requerido para escalar a palmeira foram as principais dificuldades apontadas pelos extrativistas. Foram identificados os riscos de acidentes: cobra, maribondo, escorpião, aranha, queda do açaizeiro, cortes, arranhões e torção muscular. A carga de 30 quilos, transportada pelos coletores, atende ao estabelecido pela legislação vigente. As partes do corpo que os extrativistas sentem dores com frequência durante e após a atividade foram: a parte inferior das costas, pés e dedos, mãos e dedos, membros superiores, ombro, punho, trapézio, cabeça e peito, pescoço, antebraço, cotovelo, panturrilha, tornozelo e joelho. O protocolo de Moore e Garg classificou a atividade como de alto risco para o desenvolvimento de doenças ocupacionais com Strain Index de 13,5 e 10,12 na safra e entressafra, respectivamente, e o protocolo de Lehmann como um trabalho fatigante. A OWAS indicou a categoria de ação 4 com adoção de correções imediatas na postura da coluna, membros superiores e pernas dos extrativistas.

Acidentes com animais peçonhentos durante o extrativismo em florestas no estado do Acre, Brasil

“…A maioria dos extrativistas já sofreram algum tipo de acidente com animal peçonhento durante suas atividades nas florestas, denotando a importância desse agravo à Saúde como risco ambiental para esses trabalhadores, como relatado por alguns autores (MENEZES et al, 2014;INSTITUTO PEABIRU, 2016;VEIGA et al, 2017;SILVA et al, 2020a;MOURA et al, 2022).…”

“…A maioria dos acidentes ofídicos relatados durante a coleta de frutos ocorreu durante o extrativismo de palmeiras, sendo 60% destes durante a retirada de açaí, o que denota o potencial risco de picadas de serpentes durante essas atividades como relatado em outros estudos (e.g., PARDAL et al, 2015;SILVA & PARDAL, 2018;WALDEZ & VOGT 2009;MOTA-DA-SILVA et al, 2019a). O acidente com animais peçonhentos foi relatado como principal dificuldade durante a coleta do açaí em extrativistas da Ilha do Combú, localizada no município de Belém, estado do Pará (MOURA et al, 2022). As palmeiras produzem frutos e estes caem no chão, atraindo roedores e jararacas (Bothrops atrox) podem caçar de emboscada no chão próximo a base da árvore, o que pode ocasionar as picadas nos coletores quando eles chegam até o açaizeiro (MOTA-DA-SILVA et al, 2019a).…”

“…É recomendado a utilização dos devidos equipamentos de proteção individual (EPIs) de acordo com cada tipo de atividade a ser desenvolvida, para minimizar a possibilidade de um acidente com animal peçonhento. Isso implica no uso de botas e perneiras para caminhar nas florestas e o uso de luvas de couro em atividades como a retirada de madeira (INSTITUTO PEABIRU 2016;VEIGA et al, 2017;MOTA-DA-SILVA et al, 2019a;MOURA et al, 2022).…”

Limits and Possibilities of Vegetable Extraction in Extractive Reserves in the Amazon

“…The sustainability of extraction changes with technological progress, the emergence of economic alternatives, population growth, reduction of inventories, the wage levels of the economy, and fluctuations in relative prices, among other factors [14]. The defenders and supporters of extractivism should value the people who carry out the activity by providing structural and legal support as well as connecting them with market opportunities [15].…”