Resumo Neste artigo, analisamos o distanciamento social, principal ação preventiva na pandemia de Covid-19, como fenômeno que ultrapassa sua demarcação como medida sanitária, revelando-se como experiência humana desdobrada em sofrimentos psíquicos diversos, desafiando sob muitas formas o campo da saúde mental. Situamos essa problemática no cenário brasileiro, periférico no capitalismo globalizado, contextualizado na hipermodernidade, no qual sobressai o modo de vida urbano, marcado por desigualdades e produtor de vulnerabilidades que se evidenciam no combate à pandemia, expressandose em sofrimentos e transtornos que desafiam o campo da saúde mental coletiva. Apontamos reflexões e subsídios para a ampliação desse campo, sob uma perspectiva crítica e complexa, concernentes à produção de conhecimentos e do cuidado, focalizando a urbanidade como dimensão analítica central na compreensão do distanciamento. Ilustramos com alguns desafios e também possibilidades de reinvenção em saúde mental, no contexto da pandemia de Covid-19, focalizando tanto ações voltadas à esfera coletiva, em escala macro, na rede pública de saúde, como nos encontros constitutivos do processo de cuidado, buscando subsidiar uma clínica ampliada nesse contexto.