Oprincipal mecanismo de reestenose intrastent é a hiperplasia neointimal 1 . O ultrassom permite reconhecer outros mecanismos relacionados a esse processo, como fratura ou hipoexpansão do stent 2 . A hipoexpansão pode ser consequência de escolha inadequada do diâmetro do stent em relação à referência do vaso, de expansão insuficiente do stent, apesar da seleção apropriada de seu tamanho ou de falta de conhecimento de certas características da placa (por exemplo, placas fibróticas e/ou calcificadas), que podem não permitir a expansão adequada do stent, apesar da escolha correta de seu diâmetro e de insuflações a alta pressão. O objetivo deste caso foi demonstrar a importância do ultrassom intravascular no reconhecimento do mecanismo da reestenose, assim como apresentar uma alternativa para o tratamento da hipoexpansão de stents refratária à dilatação com balões de alta pressão.
RELATO DE CASOPaciente do sexo masculino, com 57 anos de idade, deu entrada em nossa instituição em maio de 2008 para realização de cinecoronariografia. Não referia sintomas, porém apresentava ecocardiograma de estresse evidenciando isquemia no segmento médio apical da parede anterior e segmentos apicais das paredes inferior e lateral (Figura 1). Dentre os fatores de risco cardiovascular, destacavam-se história familiar de doença coronária, dislipidemia, diabetes melito, passado de tabagismo e obesidade. Referia a prática de atividade física regular, sem apresentar precordialgia ou equivalentes anginosos. Há nove meses, em outro hospital, havia tratado a artéria descendente anterior com implante de stent não-farmacológico 3 mm x 18 mm. À cineangiocoronariografia realizada em nossa instituição, o segmento inicial da artéria coronária direita demonstrava lesão de 30% e o ramo descendente posterior apresentava em seu óstio lesão de 30%. O tronco da coronária esquerda apresentava-se livre de doença aterosclerótica. A artéria descendente anterior apre-
RESUMORelatamos o caso de um paciente com reestenose de stent não-farmacológico, secundária a hipoexpansão da prótese, decorrente de grave calcificação da placa aterosclerótica subjacente, a qual não foi adequadamente reconhecida na angiografia. A utilização do ultrassom intracoronário foi de grande importância para reconhecer o mecanismo da reestenose e orientar na escolha da estratégia intervencionista mais adequada. A aterectomia rotacional foi realizada com sucesso para debilitar o cálcio peristent, permitindo a expansão posterior da prótese com balões de alta pressão.
DESCRITORES:Reestenose coronária. Calcinose. Doença da artéria coronária/ultra-sonografia. Recidiva. Ultra-sonografia de intervenção. Angioplastia transluminal percutânea coronária. Stents. Homem. Meia-idade. Relatos de casos.
ABSTRACT
Rotational Atherectomy for the Treatment of Instent RestenosisWe report a case of a patient with bare metal stent restenosis secondary to stent underexpansion, due to a heavily calcified atherosclerotic plaque, which was not identified by angiography. Intravascular ultrasound was important to rec...