A indústria cerâmica desempenha um papel importante na produção de elementos de vedação e cobertura em todo o mundo. No entanto, devido à escassez de recursos, estão sendo buscados materiais alternativos para substituir a argila na composição cerâmica. O lodo proveniente de estações de tratamento de água (ETA) tem sido considerado como uma opção viável, devido às suas características químicas semelhantes à argila e à necessidade de uma destinação adequada para esse resíduo. Uma revisão da literatura revelou que o lodo apresenta particularidades que variam de acordo com o local e o momento da coleta. Existem diferentes formas de recebimento e tratamento do lodo para sua incorporação na cerâmica, e embora os óxidos majoritários presentes nas argilas e lodos sejam os mesmos, há variações significativas em seus percentuais, conforme relatado por diferentes autores. A qualidade da cerâmica produzida com lodo também é variável. Em geral, é observado um aumento na retração dimensional dos corpos de prova de cerâmica contendo lodo após a queima. No entanto, o uso de lodos com maiores teores de sílica e menores percentuais de material orgânico pode reduzir os efeitos da retração. Além disso, o uso de lodo resulta em um aumento na absorção de água nas cerâmicas, devido à formação de falhas durante a queima e ao aumento da porosidade aberta dos corpos de prova. A resistência mecânica dos corpos de prova também é reduzida com o aumento do teor de lodo na cerâmica. No entanto, resultados mais favoráveis são obtidos quando o lodo e a argila possuem similaridade química e mineralógica, o que contribui para a redução das tensões durante a queima. Em conclusão, é importante considerar a similaridade entre o lodo e a argila selecionados para a produção de cerâmica, a fim de minimizar os efeitos negativos. No entanto, não é aconselhável utilizar lodo na produção de cerâmica, devido à dificuldade de padronização do resíduo e aos efeitos adversos no produto final.