ResumoIntroduçãoA doença renal crônica leva a alterações salivares que interferem na saúde bucal. A imunossupressão no pós-transplante pode facilitar que situações restritas à boca se tornem sistêmicas.ObjetivoCaracterizar a saúde bucal de pacientes renais crônicos aptos a transplante, avaliando fluxo e pH salivar, capacidade tamponante salivar (CTS), lesões estomatológicas, sangramento gengival, cálculo e índice de dentes cariados, perdidos e obturados (CPOD).Material e métodoEstudo transversal, observacional e analítico. Foi coletada saliva não estimulada de 83 voluntários, com hipofluxo salivar caracterizado como < 0,3 mL/min. O pH salivar foi mensurado por fita e considerado alcalino quando > 7. A CTS foi avaliada pela Técnica de Ericsson. Um único examinador calibrado procedeu às avaliações clínicas. Foram utilizados Teste Exato de Fisher, ANOVA e Regressão Linear, com nível de significância de 0,05 e Intervalo de Confiança de 95%.ResultadoHipofluxo salivar esteve presente em 61% da amostra e foi influenciado pelo ganho hídrico interdialítico (p=0,01). A presença de pH salivar alcalino foi influenciada pela ureia sérica (p<0,01) e pela hiperfosfatemia (p=0,01). A CTS foi ótima em 92% e sofreu influência do pH salivar (p=0,02). Três indivíduos apresentaram lesões estomatológicas infecciosas. Sangramento gengival esteve presente em 55%, cálculo em 94% e cárie em 88%. O índice CPOD da amostra foi 17,9 ± 7,48.ConclusãoA saúde bucal dos voluntários foi considerada precária e esse agravo pode se tornar mais maléfico se esses indivíduos forem transplantados. Salienta-se a importância da inserção do Dentista na equipe que assiste o renal crônico.