Este estudo objetivou analisar a relação entre a ocorrência de sífilis e a população feminina negra nas cinco regiões geográficas brasileiras e no Brasil entre 2010-2019. Trata-se de um estudo observacional ecológico que utilizou dados secundários disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e pelo Departamento de Doenças Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde. No tratamento estatístico dos dados, foi utilizado o software Jointpoint Regression Program, versão 3.3.1, para analisar as tendências no recorte temporal estabelecido. Os resultados apontam que, apesar de as mulheres pretas e pardas representarem quase metade da população feminina brasileira, estas não possuem o mesmo acesso à saúde que mulheres brancas. Tal fato gera iniquidades que, associadas à discriminação racial, trazem consequências permanentes para saúde de indivíduos e coletividades; e contribuem para a adoção de comportamentos inadequados e para o adoecimento, aumentando a possibilidade de ocorrência de casos de doenças infecciosas, como a sífilis. A essa problemática, soma-se inconformidades nos registros sobre autodeclaração racial de saúde. Assim, o adequado preenchimento das fichas de notificação, bem como a elaboração e execução de políticas públicas voltadas à geração de equidade na saúde podem contribuir para atenuação e enfrentamento da sífilis na população negra.