Anualmente são registrados mais de 1,2 milhões de acidentes envolvendo o envenenamento por escorpião. No Brasil, o envenenamento por escorpião é a causa mais comum de acidente por animal peçonhento. A taxa de mortalidade é de aproximadamente 0,15%, sendo mais comum na população pediátrica. O choque cardiogênico e o edema agudo pulmonar são as principais causas de morte no escorpionismo. Este artigo tem como objetivo relatar as alterações fisiopatológicas, apresentações clínicas e alterações laboratoriais e de imagem das principais complicações cardiovasculares pelo escorpionismo em pacientes pediátricos, além de uma abordagem geral do seu manejo clínico. O envenenamento por escorpião desencadeia altas concentrações de catecolaminas e acetilcolina na corrente sanguínea, que são responsáveis pelo desenvolvimento das principais alterações cardiopulmonares. Marcadores cardíacos, como troponina e CK-MB, estão aumentados nestes pacientes, além de hiperglicemia e hipocalemia. Arritmias cardíacas, hipocalemia e isquemia cardíaca são observados no eletrocardiograma. As complicações cardiopulmonares se dão por uma disfunção ventricular sistólica esquerda transitória. E o tratamento se baseia em sintomático, suporte de condições vitais e soroterapia antiescorpiônico, além de profilaxia anti-tétano.