RESUMOObjetivo: Verificar a efetividade da aplicação do protocolo de adaptação sócio-comunicativa a diferentes fontes de informação, neste caso, pais e terapeutas, na identificação de diferenças individuais em crianças com Distúrbios do Espectro Autístico. Métodos: Participaram deste estudo 48 crianças, entre três anos e 11 anos e dez meses de idade, com diagnóstico clínico incluído no espectro autístico. Foram também sujeitos deste trabalho, 46 mães e dois pais, bem como 15 terapeutas, responsáveis legais e pelo atendimento fonoaudiológico especializado, respectivamente, das mesmas crianças, por um período mínimo de aproximadamente 12 meses, sendo que estes participaram respondendo a um questionário sobre o relacionamento social das crianças, sujeitos deste estudo. Resultados:Genericamente, pode-se dizer que as respostas sobre a adaptação sócio-comunicativa, obtidas por meio de diferentes fontes de informação, ou seja, pais e terapeutas foram semelhantes. Entretanto, analisando os dados brutos observa-se que os pais apresentaram consistentemente um número maior de respostas positivas do que as terapeutas, para as questões relativas ao desempenho social. Conclusão: O estabelecimento de dados de adaptação sócio-comunicativa pode caracterizar esta população, demonstrando que este instrumento pode ser aplicado a diferentes informantes; as respostas dadas pelos mesmos foram homogêneas, reforçando a fidedignidade dos dados, apesar de existirem diferenças significativas na comparação entre os níveis e estágios sócio-comunicativos. A aplicação do questionário e protocolo de adaptação sócio-comunicativa a diferentes informantes pode fornecer um resultado bastante homogêneo, sendo possível realizar de forma fidedigna a caracterização das habilidades de relacionamento social dessas crianças.Descritores: Transtorno autístico; Socialização; Comunicação; Terapia da linguagem; Pais
INTRODUÇÃOO estudo do autismo infantil vem se desenvolvendo ao longo de décadas, sendo que em um primeiro momento focouse mais a parte semiológica do distúrbio. Existem inúmeras pesquisas que demonstram a importância da linguagem e da comunicação, bem como a sua inter-relação com a cognição e a socialização na caracterização deste distúrbio do desenvolvimento (1)(2)(3)(4) . A linguagem apresenta-se enquanto fenômeno social sensível a dimensões como formalidade da situação, objetivos de interação e relação entre os interlocutores. Ou seja, é sensível ao contexto, considerando este como o caminho que possibilita a distinção entre os efeitos da estrutura linguística e os efeitos da situação e que é, em parte, determinado pela cultura, o que gera diferenças nos detalhes do contexto interativo (5)(6) . As inabilidades de cunho social, de certa forma, são as mais marcantes em crianças autistas. Observam-se falhas em demonstrar interesse social ou afeição, especialmente, em relação a familiares próximos. Comportamentos sociais e de interação não estão ausentes no autismo, mas eles podem ser extremamente desviantes. Um dos fatores importantes na interpreta...