Recebido em 15/12/03; aceito em 20/9/04; publicado na web em 28/1/05
PHYTOCHEMICAL STUDY AND EVALUATION OF ALLELOPATHY IN Memora peregrina, 'CIGANINHA', BIGNONIACEAE, AN INVADING SPECIES IN PASTURES IN MATO GROSSO DO SUL, BRAZIL.Memora peregrina (local name: 'ciganinha' -Bignoniaceae) is a weed that often invades pastures in the Brazilian state of Mato Grosso do Sul. From its leaves and subterranean parts, the following compounds were isolated: allantoin (20.7 w/w in subterranean parts), the iridoid 6β-hydroxyipolamiide, hyperin, 3'-O-methylhyperin, 4-hydroxy-N-methylproline, β-sitosterol, α-amirin and β-amirin, and lupeol. Allantoin exhibited an activity of inducing germination in seeds of Lactuca sativa used as a biological model, and the iridoid showed moderate activity in the larval development of Anagasta kuehniella. These results, associated with this plant's behavior, are suggestive of the occurrence of adaptive and competitive strategies in relation to other plant species.Keywords: Memora peregrina; Bignoniaceae; invading plants.
INTRODUÇÃOPlantas invasoras são espécies vegetais, tanto silvestres quanto exóticas, que nascem e se reproduzem espontaneamente, comportando-se de forma indesejável e, geralmente, em áreas de grande interesse econômico, sem que seu cultivo seja de interesse 1 .Várias características biológicas estão envolvidas na definição e classificação de espécies vegetais invasoras. O potencial de invasão de algumas espécies já foi avaliado, levando em conta suas características biológicas (períodos de floração, alturas de caule, hábitats, tipos de flores e limites geográficos) e fazendo uso de cálculos estatísticos, com o intuito de classificá-las como tal 2 . Interações ecoló-gicas, efeitos alelopáticos e crescimento acelerado também já foram considerados. As interações alelopáticas, em particular, podem constituir um dos fatores decisivos para o sucesso da invasão 3 . As espéci-es invasoras são oportunistas e, por sua fácil disseminação e germinação, rápido crescimento inicial e alto crescimento morfológico e fisiológico 4 , adaptam-se facilmente aos distúrbios antropogênicos. A classificação de uma espécie como invasora pode advir do conjunto dos fatores acima apontados, bem como de outros ainda não elucidados.Dentre as espécies da família Bignoniaceae classificadas como invasoras e cuja constituição química já foi investigada, podemos citar 1 Amphilophium paniculatum ("cipó-de-água"), Arrabidae brachypoda 5 ("cipó-una"), Arrabidae florida ("cipó-neve"), Macfadyena ungüis-cati 6 ("unha-de-gato"), Pyrostegia venusta 7 ("erva-de-são-joão), Tecoma stans 8 ("amarelinho") e Sparattosperma leucanthum ("tarumã"). Muitas delas são típicas do cerrado e outras podem ser encontradas em florestas semidecíduas 1 . Todas elas são plantas nativas do Brasil, com exceção da T. stans, que é nativa da América Central.As bignoniáceas invasoras são cultivadas há muito tempo como plantas ornamentais, mas, em decorrência dos efeitos antropogênicos sobre a natureza, adquiriram certa eficiência para sobreviver 1...