Com o objetivo de definir critérios de seleção para melhorar a aptidão do azevém perene (Lolium perenne, L.) ao pastejo, dois experimentos foram conduzidos. O primeiro experimento estudou o efeito da estrutura da vegetação sobre a produção de leite comparando 4 cultivares diplóides de azevém perene de florescimento tardio sob pastejo. Os cultivares foram avaliados sob pastejo rotativo utilizando um total de quarenta e oito vacas leiteiras durante três períodos na primavera de 1999. Foram oferecidos 18 kg MS vaca-1 dia-1. As diferenças na produção de leite foram significativas (P< 0,05) em favor do cultivar 3 que teve produção de 0,4 kg de leite vaca-1 dia-1 a mais do que o cultivar 2 na soma dos 3 períodos. A digestibilidade e o conteúdo de nitrogênio foram semelhantes entre cultivares. O cultivar 2 apresentou maior altura nos perfilhos e maior biomassa de forragem mas, baixa densidade de perfilhos e volume pastejado, além da reduzida massa de lâminas verdes nos extratos mais altos da vegetação que o cultivar 3. As vacas compensaram o baixo volume pastejado no cultivar 2 aumentando sua profundidade de pastejo. As vacas ingeriram mais pseudocolmos pastejando o cultivar 2 quando comparado às outras (14 vs. 8 cm durante o período 2). Os extratos intermediários da vegetação continham pseudocolmos com digestibilidade 6,7 pontos menores, que outros extratos, e no cultivar 2, a forragem ingerida foi provavelmente menos digestível que as outras. Os efeitos da estrutura da vegetação na produção de leite foram medidos mais por meio da qualidade da forragem selecionada nas diferentes estruturas que pelo consumo. Com isso a estrutura da vegetação tem efeito no desempenho infra-específico. Os caracteres morfogenéticos que determinam a estrutura da vegetação podem ser utilizados como critérios de seleção e avaliação no melhoramento de cultivares. O experimento 2, utilizou a metodologia proposta por Penning e Hooper (1985). O interesse foi detectar diferenças de velocidade de ingestão em estruturas morfológicas semelhantes e assim auxiliar na escolha de critérios para seleção de cultivares mais adaptados ao pastejo. Foram utilizados 8 cultivares diplóides de azevém perene em 4 dias de avaliações. Cada um destes 8 cultivares foi instalado em 4 blocos, com 135 m2 por cultivar. Cada um destes 32 piquetes (8*4) foram pastejados por um lote de 4 vacas. Em cada um dos 4 dias de trabalho, 4 piquetes foram utilizados pela manhã com os lotes A, B, C e D e 4 pela tarde com os lotes E, F, G e H. Nos 4 dias, cada cultivar teve 2 parcelas exploradas pela manhã e 2 à tarde. A velocidade de ingestão variou de acordo com a sessão do dia (manhã e tarde), entre os dias e entre cultivares. A maior variação na velocidade de ingestão de MS ocorreu dentro do dia: 2,56 kg.MS.h-1 pela parte da manhã a 3,07 kg.MS.h-1 pela parte da tarde. A velocidade de ingestão quando expressa em massa fresca da forragem (MF) não apresentou diferença significativa entre sessões: de 14,2 a 17,5 kg.MF.h-1. Entre as variáveis que medem as características da vegetação, somente o conteúdo de MS variou significativamente dentro do dia: 18,6 a 24,6%. Um incremento na massa de forragem, conteúdo de MS e altura do perfilho na entrada foram encontradas entre os dias. Características da vegetação que não se modificaram entre os dias foram à densidade de perfilhos e altura da vegetação pós pastejo. Tanto a velocidade de ingestão de MS como de MF e a perda peso aumentaram significativamente com o passar dos dias de experimento. Com exceção da velocidade de ingestão de MS, a velocidade de ingestão MF não sofreu interações entre cultivares, sessão de pastejo e/ou entre dias. Diferenças significativas foram constatadas entre cultivares para biomassa, altura pré e pós pastejo, com baixa correlação entre elas, densidade de perfilhos, mas não para conteúdo de MS. A diferença entre cultivares não foram consistentes para velocidade de ingestão de MS, as variações no conteúdo de MS entre sessões poderiam explicar a incosistência do efeito dos cultivares. A velocidade de ingestão de MF foi a que melhor se ajustou às características da vegetação, principalmente a MS de lâminas.