Em 1976, Martha Denckla e Rita Rudel publicaram um artigo intitulado "Rapid Automatized Naming (R.A.N.): Dyslexia differentiated from other learning disabilities" que se tornou uma referência incontornável da investigação referente às dificuldades de aprendizagem da leitura. Nesse artigo, bem como numa publicação mais recente (Denckla & Cutting, 1999), identifica-se, como ponto de partida para o estudo da nomeação rápida, o caso de um adulto, descrito por Geschwind e Fusillo, que apresentava alexia, sem agrafia. Além de não conseguir ler, o sujeito era incapaz de nomear cores, mas não manifestava quaisquer dificuldades em tarefas de natureza perceptivovisual, incluindo o estabelecimento de correspondências entre cores. Por conseguinte, o problema residia na associação de estímulos visuais às respectivas designações verbais, o que, por seu turno, conduziu Denckla e Rudel a colocarem a hipótese de que algo similar se poderia verificar em crianças com dislexia.A fim de testarem esta hipótese, as autoras recorreram a uma prova, já existente, de nomeação de cinco cores, as quais se repetiam em sequências aleatórias, perfazendo um total de 50 estímulos. Com base nesta, criaram três outras provas semelhantes de nomeação rápida, designadamente de letras, números e objectos de uso comum. Puderam, então, observar que crianças com dislexia demoravam significativamente mais tempo a nomear os estímulos constantes de qualquer uma destas provas do que crianças sem dificuldades de aprendizagem ou crianças com outras dificuldades de aprendizagem que não a dislexia.Desde então até ao presente, numerosos estudos confirmaram a justeza destas observações, pondo em evidência que testes ou provas de nomeação rápida diferenciam, consistentemente, grupos de crianças e jovens com dislexia ou dificuldades de aprendizagem na leitura e qualquer um dos seguintes grupos: crianças e jovens sem nenhuma problemática identificada (Bowers & Swanson, 1991;Korhonen, 1995;Korkman, Kirk, & Kemp, 1998;Savage, Frederickson, Goodwin, Patni, Smith, & Tuersley, 2005;Wolf, Bally, & Morris, 1986)