ResumoO presente artigo explora se os níveis de reflexividade ética podem explicar a existência de valores de experimentação ou de respostas adaptativas de curiosidade. Participaram no estudo 488 universitários de ambos os sexos (73.1% raparigas), com idades compreendidas entre os 18 e os 53 anos (M = 21.9, DP = 4.1), a frequentar diferentes anos e cursos universitários. Os resultados de análises de regressão linear hierárquica indicam que existem associações significativas entre os níveis de reflexividade ética na carreira e a curiosidade e que não existe relação entre os níveis de reflexividade ética na carreira e a subfunção experimentação. Palavras-chave: Reflexividade ética; curiosidade; valores; experimentação; carreira.
AbstractThe present article explores if the levels of ethical reflexivity can explain the existence of values of experimentation or adaptive responses of curiosity. A total of 488 male and female students (73.1% girls), aged 18-53 (M = 21.9, SD = 4.1), attending different years and university courses participated in the study. The results of hierarchical linear regression analyzes indicate that there are significant associations between the levels of ethical reflexivity in the career and curiosity and there is no relation between the levels of ethical reflexivity in the career and the subfunctioning experimentation. Keywords; Ethical reflexivity; curiosity; values; experimentation; career.Segundo Duarte (2009), as considerações éticas na construção da própria carreira já estão presentes nas reflexões dos jovens há algum tempo, no entanto, na sociedade atual, assumem maior significado psicológico, uma vez que, estamos perante uma mudança de paradigma, passando-se do estudo do comportamento das escolhas de carreira, para o estudo da importância que o trabalho tem na vida de cada indivíduo.Esta é uma ideia base do paradigma construtivista presente, por exemplo, na Teoria da Construção da Vida de Savickas e cols. (2009) que refere que o indivíduo constrói representações da realidade na construção da carreira, pertencendo a carreira aos indivíduos e não às organizações.Da mesma forma, Guichard (2005) refere que a construção da carreira se trata de um processo constante de construção e reconstrução dos "selfs" que cada indivíduo contém dentro de si. Dessa forma, surge o modelo de autoconstrução (Guichard, 2005(Guichard, , 2009), que combina três diferentes abordagens: uma perspetiva sociológica, uma perspetiva psicológica e uma perspetiva dinâmica. Segundo a perspetiva sociológica, o indivíduo encontra-se integrado numa sociedade e como tal, vai agir e interagir dentro desse contexto. Na perspetiva psicológica, o indivíduo vai adaptar elementos da categoria social para construir o seu self. Nesta perspetiva é salientado o caráter cognitivo da construção (Guichard, 2009). No que diz respeito à perspetiva dinâmica, Guichard (2009) considera duas formas de reflexividade na carreira: a antecipação reflexiva do self e a reflexividade "eu -tu -ele/ela". A antecipação reflexiva do self, constitui o pro...