A insuficiência renal aguda (IRA) é uma condição clínica muito prevalente em pacientes internados em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI). Conforme dados de Uchino et al.1 , 72,5% dos pacientes que desenvolveram IRA durante internação na UTI necessitaram de algum tipo de tratamento dialítico, e 80% das terapias dialíticas empregadas nestes pacientes foram contínuas. A preferência por métodos contínuos é determinada, principalmente, pela sua maior tolerância hemodinâmica 2 , derivada de uma remoção mais gradual de solutos e líquidos, assim permitindo menores variações na osmolaridade sangüínea e contínua adaptação do volume circulante 3-5 . As terapias contínuas de substituição renal (TSRC), como outras técnicas de depuração sangüínea, constituem-se em um sistema de circulação extracorpórea, composto por uma linha arterial e uma venosa, um filtro ou capilar de diálise e um cateter de duplo lúmen inserido em veia calibrosa. Este circuito deve permanecer sem coágulos de sangue e permeável para atingir um desempenho adequado, resultando em ótimo controle da homeostasia do paciente. A literatura relata que a coagulação do sistema é responsável, em 40% a 75% das vezes, pela suspensão da terapia dialítica 6 , sendo esta a principal desvantagem da TSRC 7 . A troca freqüente de capilares por trombose resulta em uma menor eficiência da terapia, podendo ocasionar anemia e necessidade de reposição de sangue, aumentando o trabalho de enfermagem e os custos do tratamento. Por outro lado, a utilização de algum proto- A heparina não fracionada (HNF) é o anticoagulante mais utilizado para as diferentes técnicas de diálise e, mais recentemente, as heparinas de baixo peso molecular (HBPM) têm se mostrado seguras e efetivas para TRSC. Em pacientes criticamente enfermos que freqüentemente têm contra-indicação para anticoagulação sistêmica, existe a alternativa da anticoagulção regional com citrato trissódico, método eficiente e seguro, se aplicado com controle metabólico estrito. A anticoagulação regional com HNF/protamina tem seu uso limitado, atualmente, por apresentar muitas complicações decorrentes de efeitos adversos da protamina. Na impossibilidade do paciente ser anticoagulado, ou se a anticoagulação regional com citrato não for disponível, a lavagem freqüente do circuito de diálise com solução salina é a única alternativa aplicável. Novas drogas ainda não disponíveis no Brasil, como prostaglandinas, hirudina recombinante, argatroban e nafamostat podem ser utilizadas em pacientes com contra-indicação para heparinização.UNITERMOS: Terapia contínua de substituição renal. Anticoagulação. Heparina de baixo peso molecular. Heparina não fracionada. Citrato trissódico.colo de anticoagulação para maximizar a sobrevida dos filtros aumenta significativamente o risco de episódios de sangramento nestes pacientes. O risco de eventos hemorrágicos é elevado, pois estes pacientes já apresentam, comumente, algum grau de coagulopatia e, freqüentemente, coagulação intravascular disseminada (CIVD) em contexto de sepse 8 , agravado pelo efeito ...