“…Para o caso shipibo, por outro lado, vale notar que, já naquela época, nos anos 1980, muitas mulheres Shipibo tomavam cipó e se tornavam xamãs (COLPRON, 2004), além de serem também mestres em desenho. A teoria mais elaborada da hipótese sinestésica, que causaria tanto entusiasmo entre aqueles que procuravam nos sistemas gráficos os rudimentos de uma escrita musical, e muita polêmica entre os próprios Shipibo e seus especialistas, foi formulada por uma mulher Shipibo, famosa desenhista e xamã, Herlinda Agustín (BELAUNDE, 2009;BRABEC, 2009;BRABEC DE MORI, 2012). Foi de Herlinda a narrativa colhida por Gebhart-Sayer de que duas mulheres, sentadas em lados opostos e pintando simultaneamente um grande vaso, poderiam controlar o traçado de seus desenhos pelos cantos entoados durante a execução, fazendo com que as linhas das duas desenhistas se encontrassem ao completar o desenho.…”