ResumoO objetivo deste trabalho foi comparar a sensibilidade ao contraste (FSC) de crianças surdas e crianças ouvintes para freqüências espaciais de 0,25 a 2,0 cpg (ciclos por grau de ângulo visual) em nível de luminância mesópica (0,7 cd/m 2 ), utilizando o método psicofísico da escolha forçada. Vinte crianças (7-12 anos) participaram desta pesquisa, dez com surdez pré-lingual e dez ouvintes. Todos os participantes apresentavam acuidade visual normal ou corrigida. A ANOVA mostrou diferença significante entre os grupos [F (1, 238) = 15,487; p < 0,001], porém a análise com o teste post-hoc Tukey HSD não revelou diferença significante na comparação freqüência a freqüência entre os dois grupos (p > 0,05). Os resultados sugerem alterações na FSC para estímulos de grade senoidal das crianças surdas em níveis de luminância mesópica. Palavras-chave: Percepção visual; Sensibilidade ao contraste; Freqüências espaciais; Crianças surdas; Método psicofísico.
AbstractThe aim of this study was to compare the contrast sensitivity (CSF) of deaf children and hearing children to spatial frequency of 0.25 to 2.0 cpd (cycles per degree of visual angle) at mesopic luminance level (0.7 cd/ m 2 ), using the psychophysical forced-choice method. Twenty children (7-12 years old) participated in this research, ten with prelingual deafness and ten with normal hearing. All participants had normal or corrected visual acuity. The ANOVA showed significant difference between the two groups [F (1, 238) = 15.487; p < 0.001], but the post-hoc Tukey HSD test analysis did not reveal significant difference in frequency to frequency comparison between the two groups (p > 0.05). The results suggest alterations in CSF to sine-wave gratings stimuli of deaf children at mesopic luminance level. Keywords: Visual perception; Contrast sensitivity; Spatial frequency; Deaf children; Psychophysical method.Uma das teorias mais utilizadas nas últimas décadas para tentar explicar como o sistema visual humano (SVH) processa a forma dos objetos foi proposta originalmente por Campbell e Robson (1968). Esta teoria, que foi denominada de modelo de canais múltiplos, defende que o processamento visual acontece através de canais que respondem seletivamente para faixas ou bandas estreitas de freqüên-cias espaciais. A idéia é que um estímulo apresentado no campo visual não estimula todos os neurônios corticais que recebem informações daquela área da retina, mas apenas grupos de neurônios que respondem independente e seletivamente para cada um dos elementos que compõem o estímulo. Isto implica que padrões visuais diferentes são processados por subunidades ou grupos de neurônios diferentes, os quais formam as bases dos canais ou mecanismos seletivos para freqüências espaciais (Campbell & Robson, 1968;De Valois & De Valois, 1990).O modelo de canais múltiplos pressupõe que a função de sensibilidade ao contraste (FSC) representa o envelope de sensibilidade para a série total de canais, cada um sensível a uma faixa restrita e discreta do espectro de freqüência espacial. A FSC é a ...