Resumo Introdução O luto consiste em uma reação natural e esperada diante do rompimento de um vínculo, sendo compreendido como um processo vivenciado de modo singular, em que são manifestadas respostas emocionais, físicas, comportamentais e sociais que se diversificam de indivíduo para indivíduo. O cuidado integral ao enlutado deve perpassar pela compreensão do sujeito como um ser biopsicossocial e ocupacional; contudo, impactos sobre a dimensão ocupacional do luto ainda são pouco explorados na literatura. Objetivo Caracterizar as práticas de terapeutas ocupacionais brasileiros com pessoas enlutadas. Método Pesquisa transversal, exploratória, de abordagem qualitativa. Os dados foram coletados através de um formulário virtual voltado a levantar os potenciais participantes e, posteriormente, de entrevistas com os terapeutas ocupacionais que afirmaram realizar atenção ao luto. Os dados foram avaliados por análise de conteúdo temática. Resultados Constatou-se que apenas um terapeuta ocupacional usou referenciais teóricos do luto como base para as intervenções, bem como a predominância de assistência ao público adulto e idoso. As demandas relatadas pelos terapeutas ocupacionais na assistência aos enlutados culminaram em três categorias: prejuízos ocupacionais, demanda emocional e restrição de espaços para trocas. Conclusão Os terapeutas ocupacionais participantes deste estudo manifestaram percepções das repercussões do luto nas ocupações; contudo, práticas nessa vertente emergiram principalmente a partir de fluxos de atendimento não estruturados especificamente para essa assistência, o que pode justificar o distanciamento de referenciais teóricos sobre luto relatado pelos profissionais.