Introdução: Hérnia inguinal é um defeito anatômico resultante de evaginação de estruturas intra-abdominais para o interior do canal inguinal. Em casos bilaterais, abordagem cirúrgica depende da extensão do defeito herniário e pode se associar a taxa de recidiva maior que a do reparo unilateral. Objetivo: Analisar variáveis epidemiológicas, clínicas e cirúrgicas em pós-operatório de pacientes submetidos a herniorrafia inguinal bilateral. Métodos: Estudo retrospectivo de 51 prontuários de pacientes submetidos a herniorrafia inguinal bilateral no Hospital Estadual João Paulo II de São José do Rio Preto (SP), de 2006 a 2016. Resultados: Os participantes do estudo apresentaram média de idade de 51,6 anos, em sua maioria eram do sexo masculino (84%), brancos (86,36%), tabagistas (62,86%) e lavradores (21,43%). Em 100% dos casos, procedeu-se à raquianestesia e uso da técnica livre de tensão (Lichtenstein), com permanência intra-hospitalar por 1 a 4 dias. Durante média de 4 anos de seguimento pós-operatório, não houve complicações em 43 pacientes (84,31%); recidiva unilateral ocorreu em 7,84% dos casos, e seroma em 3,92%. Tempo médio de retorno às atividades pós-cirurgia foi de 58 dias. Houve associação significativa entre hérnia inguinal e sexo masculino, raça branca, profissão como lavrador e tabagismo, mas sem associações com períodos de internação, de retorno às atividades diárias e de seguimento pós-operatório. Conclusão: Hérnia inguinal bilateral tende a acometer homens caucasianos de meia-idade, tabagistas e com atividade laboral intensa. Para sua abordagem, raquianestesia e técnica cirúrgica de Lichtenstein têm sido amplamente aceitas. Ainda que recidiva unilateral possa estar presente, associa-se a fatores intrínsecos ou a intercorrências cirúrgicas. Reparo bilateral de hérnia inguinal não apresenta morbidade maior do que correção unilateral, e retorno a atividades de vida diária tende a ser semelhante.