No Brasil, o Programa de Hanseníase vem passando por uma perda acelerada da qualidade de atenção aos pacientes residentes nas áreas urbanas. Dentro desta perspectiva, o diagnóstico da endemia para essas áreas passou a ser importante, valorizando-se a integração de todos os aspectos dos programa de interesse para a compreensão do processo de agravamento da endemia e suas conseqüências sociais. Esse trabalho tem o objetivo de auxiliar a formulação de intervenções adequadas a cada uma das realidades. Assumindo-se que o pré-requisito para a estruturação adequada do controle da hanseníase nas áreas urbanas é a descentralização do conhecimento do sujeito a ser estudado. Discute-se a descentralização da análise de dados com aperfeiçoamento da análise a nível local, para melhor monitorar o tratamento dos casos a partir dos alarmantes índices de abandono do tratamento, principal fator de falência do programa; a adoção do conceito áreas e comunidades de risco diferencial" e de prevalência de casos, considerando-se casos prevalêntes paciente efetivamente em tratamento, e que este é o principal indicador de eficiência das atividades de controle. Sugere-se como pontos de partida para o processo de urbanização do tratamento: Ao nível individual: adequar o tratamento MDT-OMS a cada situação particular (flexibilidade nas doses supervisionadas). Ao nível de município (distrito, sub regional, núcleo, regional etc..): buscar o aproveitamento máximo da rede de saúde já existente, para diagnóstico e tratamento MDT-OMS; identificar centros de referência mais próximo para os casos de reações e intercorrências clínicas; buscar a participação de médicos generalistas e outros profissionais no diagnóstico e tratamento da hanseníase; buscar recursos (conhecimento e insumos) para que todos os casos novos diagnosticados sejam tratados com MDT/OMS; criar oportunidade para o tratamento especifico para os pacientes que apresentam alguma incapacidade através da identificação de centros de referências; desenvolver um sistema de informações eficiente e adequado a cada área de atuação; desenvolver ações conjunta com o estado. Ao nível estadual: definir pólos de coordenação; assegurar um estoque de insumos para que todos os casos novos diagnosticados sejam tratados com MDT/OMS; estimular através dos meios de comunicação o cumprimento do tratamento completo (MDT/OMS), principalmente dos pacientes MB; garantir recursos tecnológicos para tratamento de pacientes portadores de incapacidades físicas; apoiar o desenvolvimento de um sistema de informações eficiente e adequado a cada área de atuação; viabilizar a capacitação e atualização contínua de recursos humanos; desenvolver meios para que as informações processadas e analisadas no nível central "desçam" até os profissionais que atuam em nível local (“feedback"); estimular a delegação de responsabilidade e a participação dos técnicos da linha de frente; assessorar os municípios no processo de transição do controle com a passagem do saber e da prática.