Objetivo: Esta pesquisa analisou a situação de crescimento de crianças de 22 comunidades remanescentes de quilombos em diversos ecossistemas do Estado do Pará e a relação com as condições socioecológicas familiares.Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo observacional, transversal, com amostra obtida por conveniência e demanda espontânea, constituída por crianças entre 0 e 24 meses de idade, de ambos os sexos, e seus pais ou responsáveis. Para análise utilizou-se medidas antropométricas das crianças e entrevistas semiestruturadas sobre aspectos socioeconômicos, hábitos de vida e saneamento ambiental com cada chefe de família. Os índices Peso-para-Idade, Estatura-para-Idade e Índice de Massa Corporal-para-Idade foram os descritores do estado nutricional das crianças. Para este estudo foram considerados como variáveis dependentes os dados antropométricos e como variáveis independentes os fatores socioecológicos, analisados por meio do teste de Qui quadrado e Análise de Correspondência.Resultados: A amostra foi constituída por 110 crianças e 87 adultos. O estudo mostrou que as comunidades investigadas não possuem formas adequadas de destinação do esgoto e das fezes, e a água utilizada nos domicílios é majoritariamente proveniente de poços abertos, evidenciando precária infraestrutura, dificuldade de acesso à água potável e saneamento ambiental inexistente. A análise antropométrica demonstra ocorrência considerável de indivíduos com baixo peso (6,8%) e déficit estatural (23,4%), ao mesmo tempo em que se identifica excesso de peso em algumas crianças (11,1%).Conclusão: Os dados mostram uma precária infraestrutura familiar e um processo de transição nutricional precoce entre os quilombolas, e reforçam a importância da realização de pesquisas com delineamento transdisciplinar.