“…As limitações de financiamento continuam ditando a agenda da ciência no Brasil, em especial as humanidades, cada vez mais estranguladas na ordem das áreas prioritárias e estratégicas. Assim como a sociolinguística de primeira onda foi ressignificada para a constituição de amostras, os "bancos de dados sociolinguísticos", para descrição de padrões dialetais e subsídio à testagem de teorias, o que entendemos por terceira onda no Brasil também parece ser ressignificado: o reconhecimento do papel constitutivo da variação é ressignificado como uma pesquisa com maior engajamento e inserção social nos resultados, com alinhamento textualmente explícito a uma terceira onda da sociolinguística, não se limitando à descrição linguística, mas também buscando a visibilidade de grupos minoritários ou subrepresentados socialmente, tais como gays, mulheres e suas interseccionalidades (por exemplo: VELOSO, 2014;FERRAZ, et al 2016;ALMEIDA, 2017;CARVALHO, 2017 Esta mudança no modus operandi dos estudos sociolinguísticos brasileiros, em especial a pesquisa direcionada a comunidades de práticas, não suplanta as abordagens de bancos de dados sociolinguísticos, que também buscam a ressignificação para a inserção social e engajamento: mesmo pesquisas que se alinham em primeira e segunda onda têm prospectado ações para o ativismo sociolinguístico, a fim de manter a sustentabilidade da pesquisa (socio)linguística brasileira (MACHADO-VIEIRA et al, 2021;FREITAG, 2022).…”