RESUMO -Estudos sobre o uso de ferramentas em primatas do gênero Cebus divergem sobre se esta habilidade seria do tipo associativa ou "por compreensão". Estudos mostraram que o uso de ferramentas aprendido em um contexto pode se transferir para outros contextos, indicando que algo além da aprendizagem "estímulo-e-resposta" estaria envolvido. Neste estudo um macaco-prego foi exposto a duas situações problema, uma em que o animal precisava encaixar duas varetas para alcançar um pedaço de alimento e outra em que o animal precisava encaixar outro modelo de varetas para golpear um equipamento. Os resultados mostraram que a resolução do primeiro problema facilitou a resolução do segundo, indicando que em novas situações respostas anteriormente bem sucedidas se tornam mais prováveis.Palavras-chave: Cebus apella; compreensão; generalização; uso de ferramentas.
Generality of Learning in Situations Involving Tool Use by a Capuchin MonkeyABSTRACT -Studies with respect to tool use by Cebidae diverge on the question whether this ability is of an associative type, or if an understanding of the function of tools is involved. Studies showed that abilities of tool use learned in one context may transfer to other contexts, indicating that more than "stimulus-response learning" is involved. In this study, a capuchin monkey was exposed to two problem-solving situations, one where two sticks needed to be fit to reach a piece of food and another where the animal needed to fit a different model of sticks to hit an equipment. The results showed that solving the first problem facilitated the solution of the second, indicating that responses which were successful in solving previous problems are more probable to occur in new situations.Keywords: Cebus apella; comprehension; generalization; tool use. (Anderson & Henneman, 1994;Bortolini & Bicca-Marques, 2007;Fragaszy, Visalberghi & Fedigan, 2004).Apesar das diversas demonstrações da capacidade desses primatas de usarem ferramentas, existe na literatura uma divergência sobre se tal habilidade seria fruto de uma aprendizagem associativa (Visalberghi & Limongelli, 1994;Visalberghi, Fragaszy & Savage-Rumbaugh, 1995) ou se seria fruto da "compreensão" da função da ferramenta (Westergaard & Fragaszy, 1987;Anderson & Henneman, 1994;Lavalle, 1999;Visalberghi et al., 2009).Os defensores da primeira posição argumentam que a capacidade de usar ferramentas observadas em macacos--prego seria resultante da alta capacidade manipulativa desses animais e de sua curiosidade aguçada, o que os levaria a fortuitamente contatarem situações em que uma determinada ferramenta se mostrasse útil, a partir de quando eles passariam a responder de maneira estereotipada na presença do estímulo "ferramenta".No outro extremo do debate estão autores, a exemplo dos supracitados, que afirmam que o fato de os animais transportarem ferramentas; escolherem a mais apropriada para uma situação e até mesmo modificá-las antes de usá-las são indícios de que a capacidade desses animais de usar ferramentas vai além da aprendizagem e...