Este artigo tem por objetivo discutir as relações de caráter pessoal e intelectual estabelecidas entre as escritoras Gabriela Mistral e Victoria Ocampo, no período de 1926 a 1956, sob a perspectiva da História das Relações de Gênero e dos estudos sobre as chamadas escritas de si. Entende-se que o intercâmbio epistolar entre essas escritoras se configurou tanto como um espaço para a reflexão sobre a condição de mulheres que se dedicavam à escrita, como para o debate sobre questões literárias e políticas de seu tempo. Entre as temáticas discutidas nas correspondências, destacam-se as ponderações a respeito dos significados das identidades latino-americanas – sob o signo da americanidad –, o papel do intelectual engajado na construção destas identidades, e o tema que aqui exploraremos com mais afinco, o lugar da mulher e do feminismo.