Hesíodo relatou, em sua Teogônia, escrita no século VIII a.C., que Prometeu roubou o fogo escondido no Olimpo para entregá-lo aos homens. Para castigá-lo, Zeus enviou-lhe a bela Pandora, portadora de uma caixa que, ao ser aberta, espalharia todos os males sobre a Terra. Como Prometeu resistiu aos encantos dessa mensageira, Zeus ordenou que Vulcano o acorrentasse a um rochedo no cimo do monte Cáucaso, onde todos os dias uma águia (ou abutre) ia comer-lhe o fígado, que regenerava durante a noite, mantendo constante a fonte de alimento da ave, e Prometeu sob tortura perpétua.13 Teria a luz do luar, propriedades indutórias sobre a regeneração hepática, diferentes das do sol ? Talvez haja uma mensagem, implícita, neste sentido.Apesar de Prometeu ser um titã, e dessa forma, imortal, o processo regenerativo do fígado, descrito nessa passagem da mitologia Grega, é a mais famosa e citada referência histórica nos trabalhos que se remetem ao processo de regeneração hepática na literatura médica. Na literatura brasileira, Castro Alves, na sua famosa Vozes D'Africa, de 1868, compara de forma poética o sofrimento eterno de Prometeu ao do território africano, deixando nas entrelinhas o poder de regeneração do fígado na manutenção da vida de Prometeu.Estudos recentes, utilizando-se de hepatectomias parciais sequenciais, mostraram que o fíga-do é capaz de se regenerar completamente depois de