“…Sraffa entendia que o abandono da interpretação clássica do valor, a qual se centrava nos requisitos materiais de produção, em favor de uma análise econômica eminentemente subjetiva, tal como propugnada pela corrente marginalista em Cambridge, representara um programa de pesquisa degenerativo, motivado pela fi nalidade de se esvaziar as implicações socialistas da teoria ricardiana (Porta 2012;Salvadori, 2000). Não obstante a relevância dos elementos comportamentais no pensamento keynesiano, diferentemente da objetividade proposta pela abordagem sraffi ana, diversos economistas modernos recomendam a unifi cação de ambos os paradigmas em virtude de seus aspectos comuns, particularmente a crítica à teoria neoclássica, o reconhecimento das limitações dos mercados, assim como a necessidade da intervenção estatal para a correção de tais defi ciências (Bortis, 2013: 55-83;Chiodi;Ditta, 2013: 218-240;Lavoie, 2013: 34-54). Outros, todavia, consideram que os sraffi anos, por compartilharem um núcleo dedutivo similar ao dos teóricos neoclássicos, aceitam, por conta disso, o compromisso de se elaborar modelos formais fechados (closed) incompatíveis com a natureza aberta da proposta keyne-siana (Dow, 2017: 27-49;Roncaglia, 2009: 138-161;Pratten, 1997;Dutt;Amadeo, 1990: 60-84).…”