Atualmente, temos observado importantes mudanças nos padrões de transmissão da leishmaniose tegumentar (LT) e visceral (LV) em áreas endêmicas do Brasil. Além disso, a LV vem avançando rapidamente para novas áreas antes consideradas indenes. Os flebotomíneos (Diptera: Psychodidae: Phlebotominae) são pequenos dípteros com grande relevância em ciências médicas e veterinárias, por serem vetores de vírus, Bartonella bacilliformis e principalmente Leishmania spp. Os estudos sobre esses insetos são fundamentais para uma melhor compreensão da complexa epidemiologia das leishmanioses, revelando os aspectos biológicos desses vetores e suas relações com o parasita e seus reservatórios. Atualmente, abordagens moleculares vêm sendo incluídas nesses estudos e mostram-se ser ferramentas poderosas em pesquisas sobre esses dípteros. O objetivo desse trabalho, foi investigar os aspectos bioecológicos de flebotomíneos em área endêmica de LT e LV no estado de São Paulo, Brasil. Assim, foi realizado um levantamento entomológico para descrever a fauna, sazonalidade, taxa de PCR positivo para o DNA de Leishmania spp. e as fontes de repasto sanguíneo de flebotomíneos na área de estudo. Os insetos foram triados, identificados e o tórax e abdômen das fêmeas amostradas submetidas a extração de DNA e posterior PCR para a detecção do DNA do Kinetoplasto (kDNA) de parasitas do gênero Leishmania. Em seguida, amostras de DNA de fêmeas ingurgitadas, semi-ingurgitadas e grávidas foram submetidas a PCR para a amplificação do gene mitocondrial citocromo B (CYT-B) de vertebrados. Os produtos amplificados nas reações de CYT-B foram purificados e submetidos ao sequenciamento genético. As sequências encontradas foram confrontadas com a base de dados GenBank, para identificação da espécie de vertebrado envolvido no repasto sanguíneo, das fêmeas de flebotomíneos. Por empregar ferramentas moleculares, nesse trabalho, também foi analisado o desempenho de alguns métodos de extração de DNA em amostras individuais de tórax e abdômen de fêmeas desses insetos. Em nosso estudo, foram encontradas doze espécies de flebotomíneos, entre vetores comprovados e suspeitos nos ciclos epidemiológicos de LT e LV. Não foram observados padrões sazonais entre os fatores climáticos estudados (temperatura, umidade relativa do ar e precipitação) e a fauna desses insetos, capturados com armadilhas luminosas do tipo CDC. Sobre os métodos de extração de DNA, os métodos comerciais são uma boa opção para esse tipo de amostra. Contudo, os métodos caseiros baseado em fenol/clorofórmio/álcool isoamílico ou em NaCl/álcool apresentaram melhores resultados. As análises moleculares revelaram uma fêmea não ingurgitada de Ev. (Ald.) carmelinoi positiva na PCR do kDNA de Leishmania spp. A identificação das fontes de repasto sanguíneo revelou os suínos, humanos, cães, bovinos, galinhas e gambás como hospedeiros vertebrados de flebotomíneos na área em estudo. As implicações desses achados são aqui apresentadas na forma de dois artigos científicos submetidos para avaliação em revistas da área. P...