Resumo Neste dossiê, congregamos pesquisas que descrevem e analisam relações constituídas sob o efeito dos big data. A partir de espaços bastante distintos entre si - o jurídico, o burocrático, o agrícola, o biotecnológico, o econômico, o pornográfico -, voltamo-nos às agências conflitivas e criativas implicadas no que os dados fazem ver e no que são capazes de criar por meio de seu potencial de hiper-relacionalidade. Discutimos, então, a relação dos volumosos bancos de dados com aparatos diversos, como aplicativos, satélites, microscópios, documentos e algoritmos, capazes de arranjar e distribuir elementos informacionais por meio de práticas comparativas. Examinamos procedimentos de coleta e processamento de big data em diferentes setores e instituições; a pulverização das linguagens algorítmicas e estatísticas; as exigências crescentes por transparência, precisão e celeridade; a vinculação entre o tratamento de dados e as possibilidades de desenvolvimento democrático e sustentável. É dada especial atenção às transformações éticas e epistemológicas que envolvem os big data, bem como os efeitos da mobilização de conhecimentos computacionais por especialistas, incluídos aí os/as próprios/as antropólogos/as, em diferentes ambientes de produção de conhecimento.