Estigma e teste rápido na Atenção Básica Rev Bras Promoç Saúde, 31(3): 1-11, jul./set.Este artigo está publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições, desde que o trabalho seja corretamente citado. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul -PUCRS -Porto Alegre (RS) -Brasil
RESUMOObjetivo: Analisar como o estigma e a discriminação estão presentes no cotidiano de usuários e profissionais no contexto de implementação do teste rápido para HIV/AIDS na Atenção Básica. Métodos: Estudo qualitativo, de caráter exploratório, realizado em 2015, em 15 unidades de saúde de Porto Alegre, Brasil. Participaram 64 pessoas, sendo 34 usuários e 30 profissionais de saúde com diferentes formações. Os dados foram coletados através de entrevistas semiestruturadas e organizados a partir da análise temática das falas dos participantes. Resultados: O estigma associado ao HIV/AIDS se faz presente nas diferentes falas dos entrevistados. Os participantes apresentaram semelhanças na indicação de quem deveria realizar o teste rápido de HIV/ AIDS, citando usuários de drogas, adolescentes e mulheres. Os entrevistados referem estigma e discriminação na comunidade e nos serviços de saúde, sendo que os profissionais afirmam que existe preconceito por parte de membros da equipe e dos próprios usuários do serviço, sem implicarem-se nesse processo. Considerar a AIDS como uma doença qualquer é uma forma de neutralizar a identificação do estigma, não reconhecendo as especificidades históricas do HIV e as singularidades das pessoas afetadas. Conclusão: O desafio da Atenção Básica é reconhecer quais são os conceitos que embasam a identificação de pessoas vulneráveis ao HIV/AIDS, para que não se reproduzam estigmas que entravam a promoção de saúde. Descritores: Estigma Social; Atenção Primária à Saúde; Sorodiagnóstico da AIDS.
ABSTRACT Objective: To analyze how stigma and discrimination related to Human Immunodeficiency Virus/Acquired Immunodeficiency Syndrome (HIV/AIDS) are presented in the everyday lives of users and professionals in the context of the implantation of rapid testing for HIV and other Sexually Transmitted Infections (STI) in Primary HealthCare. Methods: Qualitative, exploratory study, performed in 2015 in 15 health care units of Porto Alegre, Brazil. Participants were 64 people, 34 users and 30 health professionals of different fields. Data was collected using semi-structured interview and organized based on the thematic analysis of the participants' statements. Results: The stigma associated with HIV/AIDS is present in the different speeches of the interviewees. Participants showed similarities in indicating who should take the rapid HIV test, citing drug users, adolescents and women. The respondents perceive stigma and discrimination in the community and health services, and the professionals say that there is prejudice on the part of staff members and even the service users, not becoming involved in this process. Considering...