A boa geologia está obviamente por todo lado. Por essa razão, desta vez não necessitamos de ir para longe. Ficamo-nos, então, pelo norte da Península Ibérica, propondo uma visita pela Província de Léon e pelo Principado das Astúrias (FIGURA 1). Neste último, com especial ênfase na sua zona costeira. Não esquecer que esta é a terra da sidra, da fabada e do Queijo Cabrales. Para um geólogo, mais um bom enquadramento adicional. Neste percurso vamos à boleia de sons com reminiscências celtas, entre a gaita asturiana de José Ángel Hevia e a do vizinho, galego, Carlos Nuñez. Entre as semelhanças, diferentes sonoridades e performances, tal como a geologia pelo norte de Espanha que é completamente distinta, se compararmos a Galiza com grande parte das Astúrias. Basta considerar a "velha", mas ainda funcional diferenciação morfoestrutural da geologia ibérica de Lotze. Tendo como ponto de partida Oviedo, a interessante capital das Astúrias, estamos claramente a oriente da Zona Astúrico Ocidental-Leonesa, ou seja, na primeira unidade do chamado Maciço Hespérico: a Zona Cantábrica 1 .Caracterizada por terrenos paleozoicos e por grandes relevos, onde os processos de deformação terão sido bem marcantes (FIGURA 2), esta região ganha particular destaque pelo seu conhecido e grandioso Carbonífero. A começar, desde logo, nas imediações de Oviedo, pelos depósitos de carvão, em virtude das imensas reservas que aqui se acumularam durante este período e que deram azo às múltiplas explorações mineiras existentes na região. A dimensão do registo é tal, que se define neste território a designada Bacia Carbonífera Central das Astúrias 2 . Explorações que fazem hoje parte da história, mas que se encontram muito bem documentadas na paisagem, ao longo da depressão onde se localiza a cidade de Langreo, através de uma série de torres metálicas, inconfundíveis, a denunciarem a presença de poços mineiros.A importância é tal que algumas instalações mineiras foram convertidas num interessantíssimo Ecomuseu, do Vale do Samuño, de valiosíssimo interesse geológico, cultural e sociológico (FIGURA 3). A vida difícil de mineiro, e que ajudou, em muito, à economia dos países, ao seu desenvolvimento. Uma realidade que rivaliza hoje com o conceito de sustentabilidade. Como tal, ainda mais tratando-se de carvão, a exploração deste recurso já passou mesmo à história. Aliás, o Carbonífero, exatamente o mesmo termo do agora, "informal", Carbónico (coisas da Estratigrafia), e já visitado nas arribas de Joggins, no outro lado do Atlântico 3 , foi um tempo de grande soterramento de matéria orgânica vegetal, generalizado a todo o planeta, resultando no intervalo da história da Terra mais importante de acumulação de carvão 4 .