Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC-BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados. RESUMO O fenômeno designado por midiatização tem obtido cada vez mais atenção no campo dos estudos de mídia e comunicação. Nesse campo, identificam-se duas vertentes sobre midiatização, e já se delineia uma aproximação entre elas: a institucionalista, que reconhece a mídia como instituição praticamente independente, cujas normas adaptam outros campos sociais; e a socioconstrutivista, que entende a midiatização como a construção comunicativa da realidade sociocultural. Seja em virtude da centralidade da mídia em alguns aspectos da vida em sociedade, seja pelo poder que lhe é atribuído, o reconhecimento de seu alcance não está circunscrito exclusivamente aos media studies. Os sistemas de comunicação articulam cultura, educação e mesmo a soberania, submetendo globalmente as sociedades a seu regime, o que aponta para uma concepção de controle. A sociedade de controle é discutida na obra de Gilles Deleuze como resultado do declínio do modelo disciplinar, abordado por Michel Foucault. Nessa perspectiva, a visibilidade é um aspecto central do poder exercido tanto no modelo disciplinar, baseado no confinamento, quanto no modelo de controle, baseado na visibilidade não coercitiva. O presente estudo propõe uma reflexão acerca do fenômeno da midiatização enquanto processo, situado na transição entre o modelo de sociedade disciplinar e a sociedade de controle. Nessa argumentação, a comunicação e a visibilidade encontram-se no cerne das relações de poder.