A recepção infantil de representações de sequencialidade em receitas culinárias ilustradas Child reception of representation of sequentiality in illustrated culinary recipesRafaella Lopes Pereira Peres e Silvio Barreto Campello design da informação, representação pictórica, recepção infantil.Investigações que relacionam a produção do design da informação relativas às sequências pictóricas de procedimento com o público infantil são, ainda, escassas. Portanto, foi objetivo deste trabalho avaliar a recepção das representações sequenciais de uma receita culinária ilustrada, por crianças brasileiras entre 4 e 10 anos. Para tal, foi utilizado um exercício de colagem, num estudo de recepção mais amplo, delineado pelo 'Método de Análise Instrumental da Comunicação'. Os resultados demonstraram uma relação direta entre a ideia de ordem e a de linearidade, e desta com a noção de sequencialidade. Diante do exposto concluímos que crianças são capazes de compreender as representações de sequencialidade, utilizadas pelo DI, mais facilmente quanto maior seu nível de desenvolvimento.
IntroduçãoEste trabalho corresponde a uma etapa da pesquisa doutoral desenvolvida no curso de Pós-Graduação em Design da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e ganha corpo na relação entre o design e a representação simbólica direcionada ao público infantil. Aqui, o conceito de símbolo deriva da ideia de um elemento capaz de transitar entre o sentido imediato em um contexto cultural e a memória cultural atualizada nos processos simbólicos (LÓTMAN, 1990); um acordo flexível que responde à cultura e à experiência do leitor. Nesse sentido, a noção de sequencialidade é tomada como uma noção simbólica, construída ao longo do desenvolvimento cognitivo e cultural, e segundo conhecimentos relacionados à ideia de ordem.Por meio do uso de receitas culinárias ilustradas (RCIs) e atento à percepção infantil ante o conteúdo sígnico inscrito nesse tipo de artefato gráfico, pretende-se observar a experiência proporcionada às crianças a partir do design da informação (DI). A pesquisa, portanto, de modo geral, propõe uma reflexão sobre o campo da linguagem visual ilustrada 1 , focada nos processos de produção e recepção de RCIs enquanto sequências pictóricas 2 de procedimento), e na relação de crianças entre 4 e 10 anos de idade com estas representações pictóricas e suas respectivas cargas simbólicas.1 Ilustração é tratada, aqui, como uma ferramenta comunicativa; um signo desenhado para demonstrar procedimentos sequenciais. Portanto, desenho instrucional não aparece neste trabalho como sinônimo do Design Instrucional tratado por Filatro (2007), mas como desenho para instrução. 2 Relacionam-se à representação figurativa que carrega consigo propriedades icônicas (GOLDSMITH, 1984, ASHWIN, 1979, e muitas vezes simbólicas. É formada por imagens produzidas artificialmente que "remetem por mais remota que seja, à aparência ou estrutura de algo real ou imaginado" (TWYMAN, 1985, p.249). 3 Diz respeito às etapas seguidas com o objetivo de um fim específico (MERRIL 198...