Conflito de interesses: nenhum Fonte de financiamento: nenhumaTrabalho realizado no Hospital João XXIII; Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte -MG.
INTRODUÇÃOO rim é lesado em 51% dos traumas urogenitais, sendo que as lesões do parênquima são as mais frequentes. A ruptura da pelve renal é considerada incomum 1 e, muitas vezes, diagnosticada e tratada tardiamente devido a sintomatologia frusta, principalmente se ocorre isoladamente. O objetivo do presente relato é apresentar as opções de diagnóstico e tratamento passíveis de serem utilizadas nessa curiosa lesão.
RELATO DO CASOPaciente de 19 anos, masculino, vítima de queda de motocicleta, procurou assistência médica 30 horas após o trauma queixando-se de dor no flanco direito e na região lombar direita. Ao exame clínico apresenta como alteração apenas dor nos locais referidos. Foi realizado ultra-som de abdome que revelou presença de líquido laminar no espaço hepato-renal e hematoma peri-renal ipsilateral. A tomografia computadorizada (TC) do abdome mostrou grande extravasamento de contraste da pelve renal (Figura 1). O ureter direito não foi visualizado. Devido a esses achados e ao quadro clínico optou-se pelo tratamento cirúrgico. Após realização de laparotomia encontrou-se grande quantidade de urina no espaço retro-peritoneal decorrente de uma grande lesão da pelve renal. O parênquima renal e os vasos renais estavam íntegros. Realizou-se pieloplastia com pontos separados, nefrostomia com sonda de Foley nº 18 e drenagem laminar do retroperitônio. O paciente evoluiu bem, recebendo alta no quinto dia. No vigésimo-primeiro dia de pós-operatório realizou-se a pielografia com injeção de contraste pela nefrostomia (Figura 2) que revelou contrastação adequada do sistema pielocalicial e ureter, sem extravasamento. Em seguida foi retirada a nefrostomia. O paciente se encontra em controle ambulatorial, assintomático.
DISCUSSÃOA ruptura isolada de pelve renal ocorre principalmente após trauma contuso e é considerada muito rara. Ela é excepcional se não houver variação anatômica, anomalia ou doença associada do sistema coletor. Ocorre mais frequentemente em crianças e à direita. A presença de lesões associadas dificulta ainda mais o diagnóstico por desviar a atenção do médico para o tratamento daquelas mais graves e por retar-