A síndrome SUNCT (short-lasting unilateral neuralgiform headache attacks with conjuntival injection and tearing) foi descrita pela primeira vez por Sjaastad e colaboradores em 1989 1 , só recentemente sendo incluída na segunda edição da Classificação Internacional de Cefaléias no grupo que inclui a cefaléia em salvas e outras cefaléias trigêmino-autonômicas 2 . Esta cefaléia é caracterizada por dor unilateral, orbitária, supra-orbitária ou temporal, em pontada ou pulsátil, com duração de 5-240 segundos, associada a hiperemia conjuntival e lacrimejamento ipsilaterais a mesma 2 . Os sintomas autonômicos, em geral dramáticos, iniciam-se rapidamente após o início da dor, podendo haver além dos já citados, rinorréia e obstrução nasal 1,3,4 . As crises podem ter freqüência variável, de uma a duas crises por dia a até 10-30 crises por hora, de ocorrência geralmente diurna 5 , podendo ser precipitada por manobras mecânicas do pescoço e por zonas gatilho em topografias trigeminais e extra-trigeminais, geralmente não se observando períodos refratários após estímulos sucessivos 1,4,6 . Esta síndrome inicia-se geralmente entre os 41 e 70 anos (média de 51 anos) 4 e tem uma predominân-cia do sexo masculino 4,5 . As crises têm padrão irregular, com alternância errática entre períodos com dor, que variam de dias a meses e geralmente ocorrem 1 a 2 vezes por ano, e períodos de remissão que podem durar meses 4 . Dentre as cefaléias primárias, temos como diagnósticos diferenciais a hemicrânia paroxística crônica, a cefaléia em salvas, a neuralgia do primeiro ramo do trigêmio e a cefaléia idiopática em facadas 7 . Apesar RESUmO -Relatamos o caso clínico de duas mulheres com quadro compatível com síndrome SUNCT (cefaléia de curta duração, unilateral, neuralgiforme com hiperemia conjuntival e lacrimejamento). As duas apresentavam exames clínico e neurológico normais e Rm com sinais de microangiopatia. A primeira apresentava cefaléia há três anos, que ocorria várias vezes por dia, sempre que mastigava ou bocejava. Havia feito uso várias medicações sem melhora. A dor foi controlada após o uso de 600 mg de gabapentina ao dia. A segunda paciente referia cefaléia há seis meses. A dor era diária, ocorrendo de 20-40 vezes por dia. Na ocasião da primeira avaliação no ambulatório, já fazia uso 600 mg de carbamazepina ao dia e 15 mg de clorpromazina, com melhora parcial. Após introdução de gabapentina-1200 mg/ dia, a paciente evoluiu sem dor, porém com episódios de hiperemia conjuntival.PAlAvRAS-CHAvE: SUNCT, cefaléia, tratamento, gabapentina, dor, cefaléia ultra-curta.gabapentin in the treatment of sUnCt syndromeAbSTRACT -We report the cases of two women who presented a clinical condition compatible with the SUNCT (short-lasting unilateral neuralgiform headache attacks with conjunctival injection and tearing) syndrome. both presented normal clinical and neurological examination and mRI compatible with microangiopathy. The first one related headache attacks for three years, occurring several times a day when she masticated or yawned. She had a...