O objetivo deste estudo, de cunho qualitativo e exploratório, foi o de verificar se o contato indireto com pessoas com deficiência (PCD), através de materiais midiáticos relacionados ao esporte paralímpico, pode mudar a percepção de crianças a respeito destas pessoas. Entrevistamos 18 crianças de 6 a 12 anos, sendo que 13 foram entrevistadas em um grupo focal e 5 individualmente. Primeiramente solicitamos que as crianças escrevessem em um papel as primeiras cinco palavras que viessem à sua mente quando ouviam a expressão “pessoa com deficiência”. Em seguida conduzimos uma entrevista semiestruturada visando explorar com mais profundidade o que elas haviam escrito. Depois, mostramos dois vídeos que continham imagens de PCD realizando com sucesso atividades cotidianas, profissionais, artísticas, e principalmente, esportivas. Na sequência, repetimos a dinâmica das cinco palavras e realizamos uma nova entrevista a fim de verificar se houveram mudanças na percepção das crianças. Antes dos vídeos, todos os entrevistados, exceto dois, manifestaram uma visão focada nas deficiências e/ou nas tecnologias assistivas utilizadas pelas PCD. Eles expressaram uma percepção baseada em três estigmas usualmente associadas com estas pessoas: de que elas são “deficientes”, “incapazes” e “coitadinhas”. Depois dos vídeos, todos expressaram um entendimento mais positivo a respeito das PCD, com um foco maior nas capacidades do que as supostas limitações delas. Este estudo indica que produções tais como os que mostramos às crianças podem ser utilizados como recursos pedagógicos para problematizar preconceitos e estigmas normalmente relacionados às PCD, promovendo uma percepção mais positiva das mesmas.
Abstrat. The objective of this study, of a qualitative and exploratory nature, was to verify whether an indirect contact with people with disabilities (PWD), through media materials related to Paralympic sport, can change children's perception of these people. We interviewed 18 children from six to 12 years old, 13 of whom were interviewed in a focus group and 5 individually. First, we asked the children to write on a sheet of paper the first five words that came to mind when they heard the expression “person with a disability”. Aftwerwards, we conducted a semi-structured interview in order to explore more deeply what they had written. Subsequently, we showed two videos that contained images of PWD successfully carrying out daily, professional, artistic, and mainly, sporting activities. Then, we repeated the five words dynamicand conducted a new interview in order to check if there were changes in the children's perception. Before the videos, all interviewees, except for two, expressed a vision focused on the deficiencies and / or assistive technologies used by PWD. They also expressed a perception based on three stigmas usually associated with these people: that they are "disabled", "incapable" and "poor things". After the videos, all of them expressed a more positive understanding of PWD, with a greater focus on their capabilities than on their supposed limitations. This study indicates that materials such as the ones we showed children can be used as pedagogical resources to problematize prejudices and stigmas normally related to PWD, so that we can promote a more positive perception of them.