RESUMOO presente estudo é uma pesquisa qualitativa exploratório-descritiva, cujo objetivo foi compreender a vivência de mulheres durante a inibição de trabalho de parto pré-termo no centro obstétrico. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com seis puérperas, no alojamento conjunto de uma maternidade de Florianópolis -SC, de agosto a outubro de 2008, e analisados de acordo com a proposta do Discurso do Sujeito Coletivo. As ideias centrais e os discursos contemplam aspectos sobre os efeitos colaterais do uso de drogas uteroinibidoras, orientação recebida dos profissionais, sentimentos vivenciados, apoio emocional, cuidados recebidos e desconfortos referidos. Os efeitos colaterais dos fármacos uteroinibidores repercutiram em sentimentos de ambivalência entre a necessidade de continuar inibindo e o desejo de que a criança nascesse logo; contudo, após a decisão clínica da interrupção da inibição, surgiram sentimentos de alívio. A assistência à mulher durante a inibição do trabalho de parto deve valorizar os aspectos emocionais, assim como os desconfortos decorrentes do tratamento instituído.
INTRODUÇÃOO nascimento pré-termo é uma das maiores dificuldades encontradas na área obstétrica. Apesar da evolução das estratégias de prevenção durante o pré-natal e da assistência neonatal ocorrida nos últimos anos, a incidência, a morbidade e a mortalidade neonatal continuam elevadas, sendo que suas complicações estão entre as principais causas de morte no primeiro ano de vida da criança (1) . Como trabalho de parto pré-termo (TPP) é considerado aquele que ocorre entre 22 e 37 semanas incompletas de gestação, o qual se associa a fatores de risco obstétricos maternos e comportamentais. Em aproximadamente 40% dos casos, não é possível a identificação de fator causal, e neste grupo incluem-se os fatores emocionais, normalmente pouco lembrados e abordados (2) . Atualmente, a ansiedade vem sendo considerada como possível fator determinante na prematuridade (3) .A incidência de nascimentos prematuros em países em desenvolvimento, como o Brasil, é de aproximadamente 7% (4) . Em Santa Catarina, no ano de 2005, foram registrados 82.548 nascidos vivos, dos quais 6,1% foram prematuros, sendo observada uma tendência de aumento, uma vez que a incidência foi de 5,54% no ano 2000 (5) . A importância clínica do diagnóstico precoce do TPP está na possibilidade de aumentar a duração da gestação para reduzir a morbidade e mortalidade neonatais (6) . A decisão de se prolongar a gestação requer a análise cuidadosa das condições materno-fetais (1) , uma vez que as drogas uteroinibidoras podem ocasionar efeitos colaterais indesejáveis tanto na mulher quanto no feto, portanto devem ser consideradas como fatores inibires. O TPP não significa que o parto será adiado por um tempo clinicamente benéfico (7) . A hospitalização pode tornar-se um momento obscuro e desconhecido, e acompanhada de _______________