Ainda que possa haver dificuldades ligadas ao cuidado e estigmas de pessoas com deficiência, devem-se considerar características individuais e contextuais que potencializam o desenvolvimento e a resiliência nesse contexto. O presente estudo visou explorar processos de resiliência para lidar com adversidades vivenciadas por duas famílias adotantes de filhos com deficiência. Realizou-se um total de cinco entrevistas neste estudo de casos múltiplos: duas com as mães de cada família e uma com duas profissionais da escola que uma das crianças frequentava. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra. Os dados foram analisados a partir de análise de conteúdo e as categorias a partir dos dados emergidos das entrevistas e guiados pela perspectiva sobre resiliência, utilizada na presente pesquisa. Os resultados apontaram para a vivência de adversidades como falta de estímulos e cuidados à criança na instituição de acolhimento, dificuldades no processo de adoção, cansaço parental, dificuldades no cuidado da criança, circunstâncias individuais e fatores contextuais (por exemplo, o preconceito). Por outro lado, observaram-se diversos processos promotores de resiliência, como o vínculo e afinidade inicial com a criança, estimulação da criança, apoio de familiares e profissionais, experiência prévia com crianças com deficiência, características pessoais e contextuais. Esses processos contribuíram positivamente para o desenvolvimento e condições de saúde das crianças, bem como para a formação de vínculos afetivos. Assim, deve-se promover uma nova cultura da adoção que priorize as necessidades das crianças, compreendendo que adotar uma criança com deficiência é dar a ela a oportunidade de se superar e desenvolver o seu potencial.